“Homem não chora.” Essa frase pode nem sempre ser dita de forma explícita, mas está gravada na alma de muitos meninos desde cedo. Seja em um tom de repreensão ou num olhar reprovador, a mensagem é clara: homem de verdade não chora, isso é coisa de mulher. E assim, seguimos pela vida, engolindo emoções, sufocando sentimentos e acreditando que demonstrar fragilidade é um fracasso pessoal. Mas já vou deixando claro, eu não concordo com isso.
Pense comigo: quantos homens você conhece que choraram ao perder um emprego que amavam? Ao ver o filho nascer? Ou mesmo diante da morte de um ente querido? Não porque não sentiram vontade, mas porque aprenderam a conter as lágrimas. Eu mesmo, quando perdi minha mãe há uns nove anos, não chorei como deveria. Fui chorar "beeeeem" depois.
As mulheres, por outro lado, têm algo a nos ensinar. Elas se permitem. Quando estão tristes, emocionadas ou até mesmo felizes, elas choram. Não têm medo de expor a vulnerabilidade, e isso é libertador. Como terapeuta, vejo mulheres chorando regularmente, mas posso contar nos dedos os homens que vi chorar em uma sessão.
Mas não os culpo. Para nós homens, essa repressão é cultural. Desde pequenos, ouvimos: “Engole o choro!”, “Você já é um hominho, não chore!” e até “Vai parecer mulherzinha se fizer isso.” Essas frases vão criando uma casca, uma espécie de armadura emocional. E, sem perceber, passamos a evitar não apenas o choro, mas qualquer demonstração de vulnerabilidade.
No entanto, para surpresa de muitos homens, confesso que venci esse estereótipo: eu aprendi a chorar. Foi um processo, uma jornada que começou na terapia. Lembro de um momento muito marcante. Eu estava angustiado, falando sobre a relação com minha mãe, sobre a falta que senti de mais carinho. De repente, um nó na garganta que eu mal sabia que estava lá se desfez. Me encolhi na poltrona como um bebê e chorei como nunca havia chorado antes.
Quando finalmente consegui levantar a cabeça, sentindo vergonha por me expor daquela forma, meu terapeuta disse algo que me marcou profundamente:
— “Se suas lágrimas tivessem voz, o que estariam dizendo?”
Aquelas palavras não foram só acolhedoras — foram libertadoras. Foi a primeira vez que chorei na frente de outro homem e me senti compreendido, não julgado. Naquele instante, percebi que as lágrimas não eram um sinal de fraqueza, mas de força, de humanidade.
Hoje, não tenho medo de chorar. Seja ao lembrar de algo triste, seja ao ouvir uma música que me toca profundamente, ou ao contemplar uma obra de arte que mexe comigo. Chorar faz parte da vida — uma parte bela, inclusive.
Quero dizer algo para todos vocês que estão lendo, principalmente para os homens: não engulam o choro, chorem quando sentirem vontade. Nossas lágrimas carregam histórias, desejos, saudades e curas. Elas são a voz daquilo que não conseguimos dizer e, muitas vezes, o alívio que nossa alma precisa.
Então, eu pergunto a você: Se suas lágrimas tivessem voz, o que estariam dizendo? Talvez seja hora de ouvi-las.
— Alessander Raker Stehling
☑ Aprenda Psicanálise de forma Simples e Fácil. Clique no link e conheça o nosso curso ➜ https://www.psicanalisefacil.com.br/curso-psicanalise-facil
Comments