“Quem Vive de Passado é Museu” — Como Superar um Ex de Verdade (e Não Apenas Fingir Que Superou)
- Alessander Raker Stehling
- 4 de jun.
- 3 min de leitura
“Quem vive de passado é museu.”
Essa frase, que soa como maturidade emocional, quase sempre é dita por quem ainda treme por dentro só de ouvir o nome do ex — mas disfarça com justificativas, piadinhas ou uma mudança estratégica de assunto.
— “Ah, fulano? Superadíssimo.”
A voz altera só um pouquinho, mas a pose continua.
A verdade é que a maioria das pessoas não supera nada. Enterra. Junta tudo, joga num buraco mental e cimenta por cima. Depois, pinta a superfície com umas frases de autoajuda, umas fotos sorrindo no Instagram, e pronto — “tô bem, tô de boa”.
Você pode até fingir que superou, mas o que vai pra debaixo do tapete não desaparece. Espera. E volta — no momento mais inconveniente possível.
Tem gente que diz que não vive de passado, mas cada escolha dela ainda é moldada pelas mágoas antigas que ela jura que esqueceu. Não confia em ninguém, mas não tem nada a ver com o ex — imagina. Não se abre em novos relacionamentos, mas é porque “é caladinha e discreta assim mesmo”. Claro.
E assim a vida segue: dizendo que o passado já passou, mas sangrando todos os dias nos cacos que ele deixou no caminho.
A pessoa entra num relacionamento novo e jura que está diferente, madura, mais seletiva. Mas basta um tom de voz parecido com o do ex, ou uma atitude que lembra ele remotamente, que ela já ativa o modo defesa. E tem os que viram Sherlock Holmes: analisam as mensagens, vêem se a pessoa visualizou, contam o tempo de resposta, imaginam mil cenários na cabeça. “É que eu sou assim mesmo, precavido.” Precavido é o $#%@. Você tá é ferido. Só não tem coragem de olhar pra isso.
A gente aprendeu a fugir da dor como se sentir fosse fraqueza.
Chorar? Drama.
Falar sobre o que sentiu? Chatice.
Expor que ainda dói? Vergonha.
É bonito hoje em dia parecer forte. “Resolvido.” Mas o que mais tem é gente resolvida por fora e estilhaçada por dentro.
A real é que muita gente usa o silêncio como prova de cura, quando na verdade ele é só uma defesa, um medo. Medo de encarar a própria história. Medo de mergulhar naquilo que doeu. Medo de descobrir que não seguiu em frente.
Porque não basta o tempo passar.
É preciso olhar pra trás com honestidade — mesmo que doa.
Você pode até não falar mais no seu passado. Mas ele fala em você. Fala no seu jeito de amar, no seu jeito de se afastar, no medo que você sente quando alguém se aproxima demais.
Fala na sua frieza.
Na sua pressa.
Na sua mania de parecer sempre no controle.
Tem gente que adora repetir que “não gosta de perder tempo”. Que já superou, que tá em outra — “vida que segue”. Curioso é que são justamente essas que vivem pulando de relação em relação. Querem algo sólido, mas não conseguem parar com ninguém. A vida passa, os rostos mudam, mas o roteiro é sempre o mesmo. E quando a idade pesa, vem o susto: passaram anos achando que estavam indo pra frente… mas estavam rodando em círculos.
O passado que não é assimilado vira prisão.
E a chave tá justamente em sentir — e não fingir.
É fácil dizer que tá tudo bem. Difícil é encarar e dizer que tá mal.
Por isso, se você acha mesmo que deixou o passado pra trás, responde com sinceridade:
Você não fala sobre ele… é porque superou mesmo?
Ou porque ainda treme por dentro só de tocar no assunto?
“As emoções não expressas nunca morrem. Elas são enterradas vivas e saem de piores formas mais tarde.” Sigmund Freud
— Alessander Raker Stehling
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