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Por Que Repetimos Padrões de Sofrimento no Amor? A Resposta Está na Infância

  • Foto do escritor: Alessander Raker Stehling
    Alessander Raker Stehling
  • 8 de jul.
  • 3 min de leitura

VRUM! VRUM!


Onze e meia da noite e meu celular vibra. Na tela, o nome da Carla. Pensei: “Lá vem…”


Abri o WhatsApp e lá estava a imagem dela, encolhida debaixo da coberta, os olhos inchados e vermelhos, abraçada a si mesma, como se estivesse em posição fetal. Junto da foto, uma frase curta, mas carregada de dor:

“Eu só quero ficar aqui quietinha.”


Respondi perguntando o que tinha acontecido, mas, no fundo… eu já sabia. A Carla tem esse padrão. Toda vez que se desentende com alguém — principalmente com quem ama — se fecha no quarto, posta indiretas nas redes sociais, compartilha fotos onde se coloca como vítima de um mundo cruel e injusto. Já vi esse filme algumas vezes.


Mas naquela noite, ao invés de só ouvir e consolar, me peguei pensando em algo que Freud dizia:

“Os senhores recordam que uma frustração fez adoecer o paciente, e que os sintomas lhe servem como satisfações substitutivas.”


Isso ficou martelando na minha cabeça. Porque a dor dela… tinha algo familiar. Não era só pelo namorado. Era algo beeeem antigo.


Eu sabia que a Carla havia perdido a mãe muito cedo, aos oito anos. Os pais já eram separados, e o pai, embora a tenha acolhido após a morte da mãe, nunca foi uma referência de afeto verdadeiro. A mãe era o centro emocional da vida dela — e de repente, puft, sumiu. O coração dela ficou despedaçado. Eu sei que ela não superou essa perda tão precoce.

De lá pra cá, toda vez que alguém ameaça abandoná-la, todo desentendimento vira uma dor insuportável. Mas veja… não é só a dor. Existe também uma estranha forma de prazer nisso. Não prazer no sentido comum da palavra — mas aquele alívio inconsciente de reviver uma cena conhecida. A menina ferida de oito anos, encolhida na cama, esperando que alguém venha buscá-la, cuide dela, prove que não vai embora.


É disso que Freud falava. O sintoma — seja uma crise de choro, um post nas redes sociais ou um isolamento — é uma satisfação substitutiva. Uma repetição inconsciente de um padrão infantil, tentando obter, quem sabe, dessa vez, aquilo que faltou lá atrás.


Na infância, Carla chorava para tentar fazer com que os pais não se separassem. O cuidado, o colo, a atenção que recebia nessas horas funcionavam como uma anestesia para o medo do abandono.

Hoje, já adulta, ela repete. Porque o inconsciente não envelhece. A psique dela carrega aquela cena como um disco arranhado, tocando a mesma música sempre que o medo aparece.


Mas a satisfação que isso traz é infantil, parcial e ilusória. Porque ninguém mais pode devolver a mãe dela, unir os pais, nem apagar os vazios da infância. E enquanto ela busca “resolver” o passado através do presente, segue adoecendo, carregando sintomas que, paradoxalmente, servem como gratificações… fantasiosas, é fato.


E sabe… olhando de fora, é fácil julgar. Mas se a gente for honesto, quem de nós não faz o mesmo? Quantas vezes a gente já não sabotou um relacionamento porque tinha medo de ser rejeitado? Quantas vezes provocamos uma discussão só pra ver se a pessoa se importava o suficiente pra correr atrás?

Quantas vezes ficamos doentes antes de uma prova difícil, ou no trabalho novo, pra inconscientemente fugir do medo de falhar?


Os sintomas são mensagens. Pequenas cartas que o inconsciente manda, mesmo que a gente não saiba ler.


A Carla não é fraca. Ela é só humana. Como eu. Como você.

E talvez, o começo da cura não esteja em sufocar os sintomas, mas em entender que eles existem por um motivo. E que por trás de toda dor, existe um desejo não atendido — uma criança que ainda espera que alguém venha cuidar dela.


Naquela noite, eu respondi pra Carla:

“Eu tô aqui. Pode ficar quietinha… saiba que você não tá sozinha.”


Porque tem dores que não passam — mas suavizam, quando alguém segura a nossa mão.


— Alessander Raker Stehling

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“Os senhores recordam que uma frustração fez adoecer o paciente, e que os sintomas lhe servem como satisfações substitutivas.” Frase Freud
“Os senhores recordam que uma frustração fez adoecer o paciente, e que os sintomas lhe servem como satisfações substitutivas.” Frase Freud

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