— Amiga, se eu fosse você, terminava com ele. Eu não aceitaria isso de jeito nenhum, larga de ser trouxa.
Talvez você já tenha ouvido ou dado um conselho assim. Quem nunca? Do lado de fora, tudo é cristalino, lógico, preto no branco. Mas para quem está dentro da situação… ah, a coisa é beeeeeem mais complicada.
Por que dar conselhos raramente funciona?
A resposta é simples: porque o ser humano é absurdamente complexo. Freud já dizia: quanto mais estudamos os processos psíquicos, mais nos damos conta de que são infinitamente profundos e entrelaçados. O que parece uma decisão simples — terminar ou continuar em um relacionamento, por exemplo — está, na verdade, enraizado em fatores biológicos, psicológicos e sociais que se misturam como numa sopa com inúmeros ingredientes.
Pense assim: uma pessoa pode saber racionalmente que está em um relacionamento ruim, mas seu corpo reage de outra forma. Quando vê aquela mensagem no celular, sente um frio na barriga. Quando pensa em um término, sente um aperto no peito. Isso não é fraqueza — é biologia! O apego ativa regiões cerebrais ligadas à sobrevivência, como se perder aquela pessoa fosse o mesmo que perder comida e abrigo. Já começamos mal: nosso próprio cérebro joga contra.
Depois, tem a parte psicológica. A história de vida da pessoa, sua autoestima, seus traumas, suas crenças. Se desde pequena aprendeu que amor significa suportar, que precisa merecer afeto, ou que estar sozinha é o pior castigo, então é óbvio que sair da relação não é tão fácil quanto parece para os outros.
E não para por aí. Tem também o social. O que a família vai pensar? Os amigos? O status? Os sonhos compartilhados? Quando tudo isso entra na equação, o simples conselho “sai dessa” vira quase uma piada. Porque não é apenas uma saída — é uma reconfiguração completa da vida da pessoa.
E é assim com tudo. Achamos que entendemos as pessoas, mas no fundo, só arranhamos a superfície. Julgamos rápido, apontamos soluções fáceis, mas esquecemos que por trás de cada decisão existe um emaranhado de emoções, medos, histórias e contextos invisíveis.
No fim das contas, o melhor que podemos fazer não é dar conselhos, mas ouvir. Estar presente. Permitir que a pessoa enxergue a própria complexidade e encontre seu próprio caminho. Porque, como Freud também dizia, “todo conselho representa uma confissão” — no fundo, quando aconselhamos, estamos apenas projetando nossa própria visão de mundo. Mas a verdade é que cada um precisa descobrir a sua própria resposta.
Então, da próxima vez que vir sua amiga(o) lamentando o relacionamento, em vez de soltar um “larga esse traste!”, tente algo diferente. Respire fundo, pegue um cafezim com um pedacim de queijo, olhe nos olhos dela(e) e diga: “E como você se sente com tudo isso?” Pronto! Você acaba de fazer algo revolucionário: ajudar sem julgar. Quem sabe, no fim da conversa, sua amiga(o) não descobre sozinha(o) o que precisa fazer? E, se não descobrir, pelo menos você curtiu seu cafezim com quejim. Ah, e não menos importante: o queijo tem que ser de Minas, viu? Esse sim é bão dimais da conta!
Obrigado pela leitura e um forte abraço 🫂
— Alessander Raker Stehling
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