No livro “O Mal-Estar na Civilização”, Freud sugere três meios para enfrentarmos a vida, com todas as suas adversidades e frustrações.
O primeiro desses meios são as “poderosas distrações”, onde ele inclui a ciência. Estas distrações oferecem um escape temporário, permitindo-nos afastar momentaneamente das nossas próprias aflições.
O segundo recurso são as “gratificações substitutivas”, nas quais ele inclui a arte. A arte, em suas diversas manifestações — música, dança, pintura, escultura, teatro, literatura, cinema, fotografia, história em quadrinhos (HQ), jogos eletrônicos e arte digital — proporciona ilusões que eficazmente atenuam nosso sofrimento, graças ao poder que a fantasia exerce em nossa mente.
O terceiro recurso que Freud propõe para lidar com a realidade são as substâncias inebriantes, como os entorpecentes em geral, que alteram a química do nosso corpo, afastando-nos temporariamente da realidade e tornando-nos insensíveis a ela.
No entanto, apesar desses recursos que Freud aponta como formas de suportar a vida, é inegável que a existência, como nos foi dada, é profundamente desafiadora. Ela nos confronta constantemente com uma miríade de dores, decepções e tarefas aparentemente insolúveis. Cada passo adiante parece ser acompanhado por um novo obstáculo, cada esperança, por uma desilusão.
As distrações oferecidas pela ciência, as ilusões proporcionadas pela arte e até mesmo os breves momentos de alívio proporcionados pelas substâncias inebriantes são apenas paliativos temporários para uma condição que parece intrinsecamente difícil e injusta. A realidade continua a pressionar, bárbara em sua crueldade, e somos compelidos a buscar qualquer meio possível para escapar, mesmo que apenas por um breve momento, da sua implacável tirania.
Sim, a vida é uma jornada árdua, muitas vezes pesada, repleta de desafios que parecem insuperáveis. E nesse percurso, somos forçados a nos agarrar a qualquer alívio que pudermos encontrar, por mais efêmero que seja, pois sem esses paliativos, o peso da existência seria simplesmente insuportável.
— Alessander Raker Stehling
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