“Me saboto nos bilhões de pensamentos que surgem na minha cabeça. Tenho quase 23 anos e não consigo me ver realizado.” Foi esse o desabafo de Miguel em um post que escrevi. Quando li, me peguei refletindo: “Realizado aos 23 anos? Que expectativa injusta...” Respondi ao Miguel com o que senti ser necessário: incentivei-o a ter autocompaixão e a dar um passo de cada vez rumo ao que ele deseja. Mas a angústia de Miguel não é um caso isolado.
Quantos jovens você conhece que andam sufocados pela ideia de que precisam ser ou ter tudo — agora? Milhões de pensamentos, uma pressão absurda e a sensação constante de fracasso. Mas, afinal, por que nos cobramos tanto?
Freud já nos apontava um caminho para entender essa questão: o Superego, aquela voz interna que vive dizendo o que deveríamos ser, fazer e alcançar. No fundo, ele é como um eco das imagens e ideias que absorvemos lá na infância, quando nossos pais eram nossos heróis. Pense: a criança olha para os pais e vê neles um ideal de perfeição. São fortes, seguros, donos de si (ou pelo menos assim pareciam aos nossos olhos inocentes). É dessa admiração infantil que nasce o “ideal do Eu”, essa régua interna que usamos para medir nosso valor.
Só que tem um detalhe: essa régua muitas vezes não mede de forma justa. O ideal que criamos na infância pode se transformar em uma busca incessante por uma perfeição impossível. É como se a voz do Superego dissesse: “Você não é bom como seus pais. Você precisa ser mais, fazer mais, ter mais.”
E aí entra o mundo de hoje, que só reforça essa pressão. Redes sociais mostram pessoas “perfeitas”, com vidas “perfeitas” — o emprego dos sonhos, o corpo ideal, a viagem mais incrível. Mesmo que saibamos, no fundo, que tudo isso é um recorte, acabamos nos comparando. Nossa régua interna ganha medidas ainda mais rigorosas, e o que já era difícil se torna insuportável.
Por isso, muitos jovens, como Miguel, sentem-se esmagados pelo peso de suas próprias expectativas. Querem ser bem-sucedidos antes mesmo de entender o que sucesso significa para eles. A ansiedade toma conta, e o prazer de viver desaparece. Afinal, como desfrutar do presente quando a mente está sempre gritando: “Você não é suficiente”?
A saída? Não é simples, mas é possível. Primeiro, precisamos reconhecer essa voz crítica dentro de nós. Ela não é “a verdade”, apenas uma construção interna que podemos questionar. Segundo, é essencial cultivar a autocompaixão — um olhar mais gentil para nossas falhas e limitações. Veja o caso do Miguel: como um jovem de 23 anos poderia se sentir realizado? Talvez se fosse herdeiro de uma boa fortuna, ou nem isso. De toda forma, a autorrealização é um processo, uma caminhada — se você avaliar a pirâmide de necessidades humanas de Maslow, perceberá que essa é a última conquista a ser obtida, o topo da pirâmide.
E, acima de tudo, precisamos redescobrir o prazer de sermos humanos. Humanos imperfeitos, com erros, acertos e um caminho único para trilhar. Porque, no fim das contas, a régua do Superego não precisa ser quilométrica; ela pode ser uma referência ajustável, se aprendermos a adaptá-la ao que somos de verdade — e não ao que achamos que deveríamos ser.
Então, que tal parar por um momento e perguntar a si mesmo: “De quem é o ideal que estou tentando alcançar? Ele realmente me pertence?” Talvez seja hora de deixar a régua de lado e caminhar no ritmo do seu próprio coração.
— Alessander Raker Stehling
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