Acabei de desligar o telefone, era o Giovanni, conversamos por 3 horas sem parar sobre o seu casamento com a Daniela que chegou ao fim hoje. Ele está arrasado, disse-me que perdeu, além de uma esposa, uma grande amiga.
Me lembro como se fosse hoje, dos dois felizes no cartório assinando o certificado. As zoações e brincadeiras no local, todo mundo estava feliz. Eu sempre fui muito amigo de ambos, eles cresceram com nossa turma. A amizade do Giovanni com a Daniela é antiga, são amigos de infância e namoraram por 5 anos antes de se casarem. Porém, o casamento durou pouco, apenas onze meses, não chegou a completar nem um ano. Poxa vida.
Ainda estou pensando no que conversamos pelo telefone: “O que aconteceu Giovanni? Você e Dani se davam tão bem”, perguntei após ouvir um pouco de seu desabafo. “É cara, não sei o que aconteceu, foi só a gente voltar pra casa depois do cartório que a relação foi ficando uma bosta até a gente acabar se traindo. Eu tô muito triste cara.”, ele me disse. “Uai, mas vocês eram tão amigos, sempre se divertiam juntos, riam, dançavam, brincavam, o que ocorreu?”, perguntei. “Ah cara, talvez seja isso, essas coisas acabaram, fraga, a gente chegava do trabalho cansado, queria do outro carinho e cuidado e, como não estávamos nos dando isso, acabamos buscando essas coisas em outras pessoas. Daí fo&#* tudo.”, ele me respondeu.
Veio na cabeça a frase do bigodudo Nietzsche, que apesar de ter sido uma negação com as mulheres, disse algo bem interessante: “Não é falta de amor, mas falta de amizade que faz casamentos infelizes.” Giovanni falou que a amizade dele com a Dani enfraqueceu muito após voltarem do cartório. Sei que isso não é incomum, o casamento da Renata, nossa outra amiga, chegou ao fim praticamente do mesmo jeito, só que durou menos que o do Giovanni, apenas dois meses.
Uma coisa é fato: durante o namoro Giovanni e Daniela estavam sempre conquistando um ao outro. Estavam radiantes, vivos, sorrindo de orelha a orelha quando se encontravam. Era só amor e alegria, todos da turma percebiam o quanto eles se amavam. Pelo que ele disse por telefone, parece que a coisa mudou ao assinarem o contrato de casamento. Não sei o que de fato mudou, mas talvez, o que pode ter ocorrido é o que acontece com muitos casais: ao se casarem a conquista acaba, o outro é encarado como posse, da mesma forma que um carro velho qualquer.
Quando o amor do outro é dado como certo, quando ele é encarado como posse, a tragédia é só questão de tempo. Com a Renata foi assim, ela me disse que o marido chegava em casa cansado, bagunçava tudo, nem a cumprimentava, nada nada, nem um abraço e beijo ela disse que ganhava dele. Daí ela foi desgostando e picou o pé na bunda do cara. Disse-me que nunca se sentiu tão humilhada dentro daquela casa. Acho que eu a entendo.
No relato desses amigos, percebo algo em comum: as pessoas, ao assumirem uma relação, muitas vezes mudam e deixam de se esforçar como faziam durante o namoro. A certeza de ter o outro para sempre as levou a deixarem de se empenhar. É fo#@.
Espero que isso sirva de lição para todos eles e inclusive para mim, que estou com casamento marcado com a Bruna. Para manter a chama do amor acesa, o casal deve sustentar a conquista, o esforço e a amizade, para que a conexão se mantenha firme e forte. É essa a lição que levarei para a vida como experiência.
… olha só, a Daniela tá me ligando, vou atendê-la e ouvir sua versão na história. Sinto muito pelos dois por esse fim.
— Alessander Raker Stehling
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