O próprio Freud reconheceu a futilidade da nossa busca tão desenfreada pela felicidade. Em suas próprias palavras, “Podemos dizer que a intenção de que o homem seja ‘feliz’ não se acha no plano da ‘Criação’”. Segundo Freud, o arranjo do Universo impossibilita uma vida absolutamente prazerosa e feliz. Em outras palavras: a felicidade plena é uma ilusão, um conceito inalcançável que muitos perseguem em vão — inclusive sonhando com uma pós-vida onde a felicidade é plena e absoluta.
Além disso, quando consideramos a vastidão indiferente do universo, somos confrontados com uma verdade ainda mais perturbadora que a de Freud. Como o astrônomo Carl Sagan, tão eloquentemente expressou: “O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente.” Essa indiferença cósmica só serve para destacar ainda mais a futilidade de nossas buscas extenuantes pela felicidade.
Em última análise, o princípio do prazer — esse programa psíquico que busca o prazer a todo instante e evita o desprazer — revela-se como uma armadilha cruel, uma ilusão que nos mantém perpetuamente insatisfeitos. Talvez seja hora de reconhecermos a futilidade dessa busca incessante e aceitarmos a vida como ela é, com todas as suas dores, perdas, sofrimentos e caos, em vez de nos perdermos na perseguição sem fim da felicidade plena ilusória.
— Alessander Raker Stehling
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