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Foto do escritorAlessander Raker Stehling

Freud e a Dor da Perda: Compreendendo a Desamparo e a Solidão após o Luto Amoroso

Estava observando meus dois priminhos recém-nascidos e o quão lindo é o sorriso deles ao se sentirem seguros e amados pelos seus pais. O amor é realmente uma grande fonte de felicidade; tão grande que passamos grande parte da nossa vida buscando novamente o amor perdido — aquele que recebemos dos nossos pais.


O amor é uma das experiências humanas mais poderosas e transformadoras que existem. Ele tem a capacidade de nos elevar às mais altas nuvens, proporcionando momentos de extrema felicidade e satisfação. Ao mesmo tempo, podemos cair lá de cima, sofrendo um grande baque, acompanhado de profunda dor e sofrimento. O amor tem esse poder, de nos levar do céu ao inferno em poucos segundos.


Quando amamos, não apenas nos conectamos com outra pessoa, mas também passamos a depender emocionalmente dessa relação. A presença e o amor do outro tornam-se essenciais para nosso bem-estar. Essa dependência emocional cria um estado de vulnerabilidade, pois qualquer ameaça à continuidade do amor pode desestabilizar nosso equilíbrio emocional. Uma palavra ríspida, uma ausência prolongada ou um olhar de desinteresse podem causar um turbilhão de sentimentos dolorosos, evidenciando nossa fragilidade diante do amor.


O processo de amar muitas vezes envolve a idealização da pessoa amada. Vemos nela uma perfeição que talvez não exista, projetando nossas expectativas e desejos. Essa idealização cria uma imagem quase sagrada do ser amado, tornando a eventual desilusão ainda mais intensa. Quando a realidade se impõe e as falhas do outro se revelam, a quebra dessa imagem pode ser devastadora. A queda do pedestal da idealização pode ser acompanhada por uma dor profunda, pois representa não apenas a perda da pessoa amada, mas também de um sonho, de uma imagem idealizada.


A perda do amor ou do objeto amado, independentemente das circunstâncias, é uma experiência avassaladora. Freud descreveu essa dor como uma das formas mais desamparadas de infelicidade — ele próprio experimentou essa dor profunda ao perder sua filha Sophie.


A perda de um amor é, antes de tudo, a ruptura de um vínculo emocional profundo. Esse vínculo nos proporcionava uma sensação de segurança, pertencimento e amor incondicional. Com a sua ruptura, somos lançados em um estado de solidão e desamparo. A ausência do outro cria um vazio que parece impossível de preencher, levando-nos a uma sensação de desespero e desesperança.


A perda do amor nos leva a um processo de luto, semelhante ao que vivenciamos com a morte de um ente querido. Esse processo de luto é complexo e multifacetado, passando por várias etapas emocionais. Inicialmente, pode haver a negação, onde nos recusamos a aceitar a perda. Seguem-se a raiva e a barganha, onde procuramos entender ou mudar a situação. A tristeza profunda surge, marcando um período de reflexão e dor. Finalmente, a aceitação nos permite seguir em frente, embora a cicatriz da perda permaneça por toda a vida.


Como o lindo sorriso dos meus priminhos que se sentem amados, nossa busca pelo amor reflete o desejo por aquela sensação primária de segurança e felicidade, que eles estão conhecendo agora, na infância. É essa memória do amor incondicional que nos impulsiona a estabelecer novas conexões, a idealizar e a sofrer, mas também a encontrar significado e plenitude. O amor, mesmo com todas as suas dores e desilusões, é o que nos torna profundamente humanos. Ele é a força que nos impulsiona a crescer, a nos conectar e cuidar uns dos outros e a encontrar propósito em nossa existência.


Apesar de todos os percalços, é melhor ter amado e sofrido do que nunca ter amado, pois é através do amor que realmente vivenciamos a plenitude da condição humana. O sorriso dos meus priminhos profundamente amados encapsula essa verdade: o amor, em toda a sua vulnerabilidade, é a essência da nossa felicidade e do nosso sofrimento, a força que molda nossas vidas e nos torna quem somos.


“A suprema felicidade da vida é ter a convicção de que somos amados.” — Victor Hugo


— Alessander Raker Stehling

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“Nunca estamos mais desprotegidos ante o sofrimento do que quando amamos, nunca mais desamparadamente infelizes do que quando perdemos o objeto amado ou seu amor”.  Frases Freud
“Nunca estamos mais desprotegidos ante o sofrimento do que quando amamos, nunca mais desamparadamente infelizes do que quando perdemos o objeto amado ou seu amor”. Frases Freud

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