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Foto do escritorAlessander Raker Stehling

O vazio emocional: Refletindo sobre as expectativas e desejos nas relações amorosas

Atualizado: 8 de ago. de 2023

A vida de um primata não é fácil, nascemos incompletos, frágeis, ainda em construção, diferentemente de um novilho, que em pouco tempo já está caminhando e se virando.


Dependemos totalmente do acolhimento de terceiros, pense comigo: o parto é feito pelo outro, o nome nos é dado por ele também, o olhar que nos valida é o do próximo, o calor humano é externo a princípio, o abraço, o leite materno… poxa, recebemos tanto dos outros e precisamos de tanto acolhimento.


Mãe, pai, amigos, professores, tios, primos, vizinhos… cada um com a sua contribuição para a nossa formação. Alguns com enorme participação, e outros com menor. Imaginou uma colcha única feita com diversos retalhos, essa talvez seja uma boa analogia.


Porém, tudo que é bom tem seu fim; enfim crescemos, e o que fica em nossa mente são lembranças, saudades, nostalgias, marcas, faltas, traumas, alegrias e dores, resumidamente: um vazio.


A solidão é dura, cruel, afinal, tudo que temos foi o outro quem nos deu, por isso vamos em busca deste, mas agora com uma demanda que nem nós sabemos nomear, ela é inconsciente. Talvez eu queira novamente o toque da minha mãe? Ou a voz do meu pai? O sorriso do meu irmão? Ou chatura da minha irmã? Eu não sei bem o que eu quero, demanda tem, vazio, ah vazio aqui tem de sobra, quem quer tá aqui.


E é assim que buscamos o amor, entregamos ao outro uma vaga lembrança daquela colcha de retalhos. Obviamente é impossível que este me entregue a colcha novamente, mas é isso que quero dele, eu não sei nem como fazer isso, mas é isso que desejo. E é isso que recebo dele(a) também. Ao amarmos entregamos ao próximo um espaço, um vazio a ser preenchido. Algo que remete ao nosso passado, a períodos estruturantes que desconhecemos, não entregamos de fato o amor, mas uma demanda, e recebemos isso do outro também.


Quem dera receber aquela colcha de retalhos novamente, mas ela é uma vaga lembrança de momentos entrelaçados — inesquecíveis — que não voltam mais.


“Raramente pensamos no que temos, mas sempre no que nos falta.” — Arthur Schopenhauer


— Alessander Raker Stehling

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O amor - Alessander Raker Stehling
O amor - Alessander Raker Stehling
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