“Terapia é caro, não tenho dinheiro para isso.” “Fazer terapia? Eu? Nem, demora demais, prefiro gastar com outras coisas.” “Minha terapia é viagem.” Essas são frases que já ouvimos por aí. Investir na saúde mental? Pra quê, né? Muitos acham que não compensa. É caro demais, demorado demais ou simplesmente desnecessário. Podemos, claro, refutar esses argumentos explicando como a terapia transforma vidas, mas hoje quero te propor outra abordagem: qual é o preço que se paga pela neurose?
Sim, a neurose. Aquela doença psíquica elegante, cheia de classe, que ninguém quer admitir que tem, mas que está lá, com um preço escondido que pesa — e muito. Mas, calma, antes de falarmos do prejuízo, vamos entender o que é essa tal de neurose.
A neurose é, basicamente, um conflito interno entre o inconsciente e o consciente. É quando aqueles desejos, medos e impulsos reprimidos não podem ser aceitos à luz da razão. Aí, eles ficam escondidinhos, mas dando o ar da graça de outras maneiras (comumente chamados de sintomas): ansiedade, compulsões, inseguranças, impulsividades. Resumindo, a neurose nos transforma em marionetes de nossos medos e conflitos internos — e a vida, claro, vai ficando cada vez mais limitada e insossa.
Agora, vamos ao que interessa: o preço que se paga por isso.
Imagine a pessoa que passa anos escondendo suas inseguranças e, em vez de procurar um terapeuta para enfrentá-las, decide investir em uma bela cirurgia plástica, porque, afinal, o problema está no nariz. Isso resolve a questão? Claro que não! Aí vem outra cirurgia... e mais outra, tentando consertar o que está do lado de dentro com bisturi e anestesia. Nem preciso falar o quanto isso custa, né?
Ou então o sujeito que gasta fortunas em carros, roupas de grife, festas caras, tudo para parecer bem-sucedido e, quem sabe, sentir um pouquinho de aceitação dos outros. Tudo isso porque o vazio interno não pode ser preenchido com reflexão, com autoconhecimento. Vai por mim, o custo disso é altíssimo — não só para o bolso, mas para a alma também.
E claro, não podemos esquecer o clássico: “Minha terapia é uma cervejinha no fim de semana.” Ah, essa é campeã. Cachacinha para afogar as mágoas, enterrar os medos e, quem sabe, esquecer as angústias por algumas horas. Só que isso não é terapia, é fuga. E, como toda fuga, tem seu preço: vício, brigas familiares, ressacas (físicas e emocionais). No fim das contas, custa muito mais do que algumas sessões no divã.
E não pense que a neurose afeta apenas quem a carrega. Ela se espalha. Filhos, parceiros, amigos... todos acabam pagando um preço por essas feridas emocionais não tratadas. Um simples conflito mal resolvido, ligado aos pais na infância, pode se tornar um muro intransponível no casamento, levando ao divórcio de um sonho que ambos prometeram manter pela eternidade; a ansiedade de um pai pode moldar a personalidade de um filho, levando-o ao caminho das drogas ou até ao suicídio. O custo é altíssimo para todos.
Agora, pense comigo: em vez de gastar em fugas temporárias — seja em cirurgias, ostentação ou no bar da esquina —, por que não investir na sua própria saúde mental? Terapia pode parecer um luxo, mas é um ato de amor-próprio. E mais: um ato de amor por aqueles que você ama. Imagine você, resolvido com seus conflitos, sendo mais leve, mais presente para seus filhos, para seu parceiro, para seus amigos. Isso, sim, é o que eu chamaria de investimento inteligente!
No final, o que sai mais caro: encarar suas questões e investir na sua saúde mental, ou continuar alimentando a neurose com pequenos luxos que, no fundo, só mascaram a dor? Eu diria que Freud estava certíssimo: “Nada é tão caro na vida quanto a doença.”
— Alessander Raker Stehling
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