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Foto do escritorAlessander Raker Stehling

Freud e a Psicologia das Massas: O Que Explica o Comportamento Violento das Torcidas?

“Torcedores do Vasco e Flamengo brigam nos arredores do Maracanã.” “Torcedores de Inter e Grêmio brigam em Florianópolis.” “Emboscada da Mancha Alviverde contra Gaviões da Fiel acaba em morte.” Quem nunca leu uma notícia assim?


É interessante e, em muitos casos, assustador pensar na transformação que ocorre no indivíduo ao se juntar a uma massa de pessoas. Quando estamos em grupo, algo profundo e primitivo é despertado. Os indivíduos que normalmente carregam consigo uma série de inibições e limites pessoais parecem deixá-los de lado, cedendo à pressão do grupo. É como se a identidade individual fosse sufocada pela força coletiva, permitindo que instintos primitivos, muitas vezes brutais e destrutivos, venham à tona.


Gustave Le Bon, em seu estudo sobre a psicologia das multidões, foi um dos primeiros a descrever como, na massa, o indivíduo se transforma. Ele observou que, quando estamos em grupo, nossa capacidade de raciocínio crítico diminui, e somos facilmente influenciados pela emoção coletiva. A multidão age como um organismo único, onde a responsabilidade individual se dissolve e os instintos mais primitivos tomam o controle.


Essa dissolução da individualidade em prol do coletivo pode levar a comportamentos extremos. Pessoas que, sozinhas, jamais cometeriam atos de violência ou crueldade sentem-se justificadas, ou até compelidas, a agir brutalmente quando estão em grupo. A sensação de anonimato, a perda de responsabilidade pessoal e a necessidade de pertencimento ao grupo fazem com que os instintos mais destrutivos sejam liberados sem qualquer tipo de censura interna.



É assim que vemos torcidas organizadas se transformarem em bandos violentos, atacando uns aos outros com uma ferocidade que, isoladamente, talvez nenhum dos membros demonstrasse. A lógica e a razão são abafadas pela euforia e pela irracionalidade coletiva, e o resultado disso, muitas vezes, é o caos, a destruição e a tragédia.


Portanto, a reflexão que fica é sobre o poder da massa e o perigo que ela pode representar quando os indivíduos abdicam de suas responsabilidades e entregam-se aos instintos mais sombrios. Quando nos encontramos em situações em que o coletivo começa a dominar, é essencial lembrar quem somos como indivíduos e questionar até onde estamos dispostos a ir para nos encaixar no grupo. Porque, no final, somos todos responsáveis, não importa quão grande seja a multidão.


— Alessander Raker Stehling

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Ao se reunirem os indivíduos numa massa, todas as inibições individuais caem por terra e todos os instintos cruéis, brutais e destrutivos, que descansam no ser humano, como vestígios dos primórdios do tempo, são despertados para a livre satisfação instintiva. - Frases Freud
Ao se reunirem os indivíduos numa massa, todas as inibições individuais caem por terra e todos os instintos cruéis, brutais e destrutivos, que descansam no ser humano, como vestígios dos primórdios do tempo, são despertados para a livre satisfação instintiva. - Frases Freud

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