O mestre Schopenhauer foi certeiro ao dizer: “A vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir.” E, se pararmos para pensar, a vida da maioria é exatamente assim: uma busca interminável, insaciável, absurda. Só que o pior de tudo não é buscar — é o que estamos buscando. Desejos artificiais, fabricados, plantados em nossas mentes como ervas daninhas por um sistema que só tem um propósito: lucrar com a nossa idiotice.
Epicuro já sabia disso há séculos: “O conhecimento seguro dos desejos leva a direcionar toda escolha e toda recusa para a saúde do corpo e para a serenidade do espírito.” Mas quem liga para a saúde do corpo e serenidade do espírito hoje em dia? Quem liga para si mesmo de verdade? As pessoas estão mais preocupadas em comprar o último celular, usar o tênis da moda, viajar para aquele destino “instagramável” e mostrar para todos os seus “amigos” que estão vivendo o sonho — o sonho fabricado pelo marketing, por influenciadores vazios e por uma sociedade completamente doente.
A estupidez humana chega a ser patética. Acreditamos que o novo carro vai nos dar status, que o corpo perfeito vai nos fazer mais amados, que aquela promoção no trabalho vai finalmente nos trazer a tal felicidade… e seguimos acumulando coisas e metas, sem nunca parar para perguntar: o que eu realmente quero? Porque, sinceramente, a maioria não tem a menor ideia. Vivemos correndo atrás de desejos que nunca foram nossos, mas que foram implantados na nossa cabeça desde que nascemos.
É tudo um grande circo, e nós somos os palhaços — dançando ao som daquelas dancinhas ridículas do TikTok, seduzidos por promessas vazias e escravizados por dívidas para sustentar aparências que, no fundo, não fazem a menor diferença. No final do dia, ficamos com a alma vazia, o corpo exausto e a mente sobrecarregada. Mas quem liga, né? Temos um novo iPhone para exibir na frente do espelho, uma nova série para maratonar e mais uma “meta” fútil para alcançar.
Epicuro nos ensinou a buscar a saúde do corpo e a serenidade do espírito, mas o mundo moderno nos ensina o contrário: a saúde mental está em frangalhos, o corpo é castigado pela rotina frenética, e a serenidade do espírito... bem, isso a maioria nem busca saber o que é. Estamos perdidos, reféns de uma estupidez coletiva que nos empurra para o abismo e, pior — parece que gostamos disso.
O mais trágico é que temos a capacidade de mudar isso, de direcionar nossos desejos para algo verdadeiro, profundo, autêntico. Mas isso exigiria coragem. Coragem para abrir mão dos prazeres vazios, das conquistas superficiais, dos elogios temporários. Coragem para olhar para dentro e, como dizia Epicuro, entender o que realmente importa.
Mas, sejamos honestos: quem tem essa coragem hoje? A maioria prefere continuar correndo atrás do vento. Afinal, pensar dá trabalho — e o novo iPhone de R$15.499 sai no fim do mês. E cá entre nós, tenho certeza de que, para comprar um desses, muitos vão sacrificar “um rim”, digo, a própria saúde, só para se exibir para quem nunca esteve nem aí. Afinal, o que vale mais — a saúde e paz interior, ou aquela selfie no espelho da academia com o celular da moda?
— Alessander Raker Stehling
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