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Foto do escritorAlessander Raker Stehling

O Triunfo do Capitalismo: Quando o Ter Se Torna Mais Importante Que o Ser

Já houve um tempo em que o poder não era medido apenas pelo dinheiro no bolso, mas também pelo conhecimento e pelo apreço pela cultura. Os antigos cavaleiros, além de suas habilidades com armas, eram admirados por seu gosto pela literatura, música e belas-artes. Esses prazeres, que um dia foram o ápice da civilização, agora parecem relegados ao esquecimento.


Hoje, vivemos em uma sociedade onde o valor de uma pessoa se mede por suas posses, pelo luxo que exibe, pela ostentação que consegue projetar. O capitalismo moderno nos impõe um padrão de vida onde o único objetivo é acumular mais, competir incessantemente, esmagar o próximo em busca do próximo “troféu”.


Sim, hoje temos acesso a qualquer obra literária com um simples toque na tela, músicas de todas as partes do mundo a um clique, e obras de arte, antes exclusivas das galerias mais prestigiadas, agora ao alcance de todos através da tecnologia. Mas, paradoxalmente, enquanto a arte e a cultura se democratizaram, o interesse por elas parece ter desaparecido. Quantos de nós ainda paramos para ler um clássico, para nos perder em uma sinfonia ou para contemplar a beleza de uma escultura? Tornamo-nos uma “sociedade de exibicionistas”, onde a profundidade intelectual foi substituída pelo desejo de aparecer a qualquer custo, mesmo que agindo como um idiota.



O capitalismo tem grande parcela de culpa nisso, pois ele transformou a vida em uma corrida interminável em busca de mais e mais, algo totalmente desnatural e sem sentido. O resultado é uma humanidade que trocou o prazer genuíno da descoberta intelectual pela gratificação instantânea e vazia dos likes e seguidores — algo totalmente artificial. O intelecto, a cultura, a beleza que os nossos antepassados tanto prezavam foram reduzidos a meras curiosidades, acessórias a um estilo de vida onde o ter é infinitamente mais importante que o ser.


Mas há uma ironia cruel nessa história. O que o capitalismo nos vende como progresso é, na verdade, uma regressão. Ao focarmos exclusivamente na competição e na acumulação, estamos nos afastando dos valores que nos tornaram verdadeiramente humanos. Estamos nos tornando mais pobres, não de dinheiro, mas de espírito. E nessa corrida sem fim, esquecemos que os maiores prazeres da vida — aqueles que verdadeiramente nos elevam — não estão à venda.


Pensando bem, talvez o maior triunfo do capitalismo seja justamente nos fazer acreditar que nossas conquistas civilizatórias nunca foram valiosas. Afinal, quem precisa de livros, de música ou de arte quando se tem um carro do ano na garagem?


— Alessander Raker Stehling

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A insistência na competição na vida moderna pode ser relacionada com uma decadência geral dos processos civilizados. Homens e mulheres parecem incapazes de desfrutar os prazeres maiores do intelecto.  Frases Bertrand Russell
A insistência na competição na vida moderna pode ser relacionada com uma decadência geral dos processos civilizados. Homens e mulheres parecem incapazes de desfrutar os prazeres maiores do intelecto. Frases Bertrand Russell

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