Após um trauma intenso, como um assalto, acidente automotor, desastre natural, etc., as vítimas precisam de apoio humano. O contato com entes queridos próximos é essencial. O abraço destes, a voz, os rostos, trazem segurança e acolhimento, reduzindo o desespero natural.
Nossos vínculos de apego são a maior proteção contra as ameaças externas, pois nossos sistemas internos foram projetados para buscarmos apoio humano. Sentir-se seguro, conectado e sintonizado com pessoas queridas é um enorme auxílio em momentos calamitosos.
Contudo, uma questão se levanta: E quando o trauma é infligido pelas pessoas que amamos? Dentro do próprio lar, pelos que deveriam nos amar e cuidar de nós, ou seja, pelos nossos genitores e familiares?
Quando os próprios pais e familiares são a grande ameaça para nossa integridade, a proteção mais importante contra o trauma cai por terra.
Se as pessoas que naturalmente deveriam dar-nos carinho e amor se tornam fontes de abuso, violência e terror, é preciso aprender a se bloquear e ignorar o que se sente. As sensações de medo, fúria ou frustração são intensas demais para que possamos suportar, necessitamos encontrar meios alternativos para lidar com tudo isso.
Gerenciar o terror sem o apoio das pessoas que amamos é extremamente doloroso e leva a novos problemas: dissociação (“desligamento” e repressão do trauma), despersonalização (sensação de que o que está acontecendo não é com a própria pessoa), desrealização (sensação de que o que está ocorrendo não é real), desespero, consumo de drogas e bebidas em excesso, sensação crônica de pânico, automutilação, relacionamentos marcados por abandonos, desconexão, frieza e explosões de fúria são bastante comuns em vítimas de traumas que tiveram que se virar sozinhas com o que sentiram internamente.
A recuperação dos traumas envolve principalmente reconectar-se com os demais; é preciso acolher, ouvir e amparar os que estão angustiados e desesperados. Sendo assim, da próxima vez que se deparar com uma vítima, tente ter mais empatia. Precisamos de mais humanidade, amor, e calor humano.
“[...] ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.” Carl Gustav Jung.
- Alessander Raker Stehling
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