“Papai, vamos brincar?”
“Tô ocupado, filho, outra hora a gente brinca, tá bom?!”
“Amor, vamos ao cinema ver aquele filme?”
“Não dá, a empresa precisa de mim, preciso fazer horas extras.”
E assim, os dias passam como vultos, e as promessas se acumulam em uma pilha de “depois”. Vivemos no automático; a rotina nos consome: casa, trabalho; trabalho, casa. Não paramos para questionar, não paramos para refletir, quiçá para respirar.
Quando o assunto é tempo, as respostas são quase sempre as mesmas: “Tô agarrado”, “Tô ocupado”, “Não posso”, “Deixa pra depois”, “Outro dia a gente faz”, “Só se eu nascer de novo”. E o “depois” vai se distanciando, como uma miragem no deserto que nunca alcançamos. Enquanto isso, a vida se apressa, o tempo se esvai, e a morte se aproxima, silenciosa, inevitável.
Vivemos na ilusão de que haverá tempo. Tempo para a família, tempo para os amigos, tempo para nós mesmos. Mas a realidade é cruel: o tempo que desperdiçamos com desculpas e promessas vazias nunca será recuperado. E, de repente, a vida se esvai num suspiro, num fechar de olhos, e tudo aquilo que deveria ter sido feito, as palavras que deveriam ter sido ditas, ficam para sempre no limbo do “poderia ter sido”.
A morte não espera. Ela não pergunta se estamos prontos, se temos tempo, se estamos satisfeitos com as nossas escolhas. Ela chega, quer queiramos ou não, e nos força a encarar a dura realidade: o tempo acabou. Aquela brincadeira com o filho? Nunca aconteceu. Aquele filme no cinema com o amor da sua vida? Ficou só na vontade. E tudo aquilo que deixamos para depois? Transformou-se em arrependimento.
Ocupamo-nos com as coisas triviais, com as obrigações que julgamos importantes, enquanto o essencial escorre pelas nossas mãos, como a água que sai de uma torneira. Vivemos na pressa, no ritmo frenético da vida moderna, sem perceber que estamos perdendo o que realmente importa.
E se aquele pedido para brincar fosse a última chance de ver o sorriso do seu filho? E se aquela ida ao cinema fosse a última oportunidade de segurar a mão do amor da sua vida? Como você se sentiria se soubesse que não haverá uma segunda chance?
A morte — ela virá, pode ter certeza disso — não se preocupa com nossas justificativas. Ela apenas chega, como uma sombra que engole tudo. E, quando o inevitável se concretiza, o arrependimento é o único companheiro. O arrependimento de ter dito “não” tantas vezes, de ter deixado para depois o que deveria ter sido vivido agora.
A vida se apressa, e nós, ocupados, nos esquecemos do essencial. Até que seja tarde demais. Até que a morte nos force a parar, olhar para trás, e a ver tudo aquilo que poderíamos ter feito, mas não fizemos, pois estávamos ocupados demais com algo tão “importante” que, refletindo nisso hoje, a gente nem lembra mais o que era.
— Alessander Raker Stehling
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