Nasci na década de oitenta, pouco após o início da era digital. Apesar do computador pessoal já existir, no Brasil ele demorou a popularizar-se, talvez porque os preços eram altos… Lembro-me do início do Google em 1998, nessa época já tínhamos um computador, um Pentium 133 Mhz…
Contudo, o acesso à internet não era fácil. Usávamos um modem conectado à linha discada do telefone. O telefone era aqueles de disco, e a conexão à internet era super cara. Lembro-me de aguardar os finais de semana — sábados após as 14h — para acessar a rede (ainda prematura), com “incríveis” 56 Kbps de velocidade. Isso era lento que só a peste, mas achávamos o máximo.
O Google ainda estava engatinhando, e por isso, quando o professor pedia-nos para fazer um trabalho escolar, recorríamos à biblioteca municipal, ou às enciclopédias Barsa — lembra-se delas? A pesquisa era profunda, com diversos livros sobre a mesa, e tudo era feito manualmente. Recordo-me de ter calos entre os dedos de tanto escrever.
De lá para cá muita coisa mudou e diversas pessoas acreditaram que a humanidade se tornaria mais inteligente e sábia, uma vez que o acesso a todo o conhecimento humano estava a um clique de distância.
Não podemos negar que hoje em dia é muito fácil encontrar qualquer tipo de assunto na internet. Livros podem ser baixados gratuitamente, e existem vídeos explicativos em todo lugar sobre praticamente qualquer tema, porém, contrariando a maioria, a humanidade não ficou mais inteligente e sábia, pelo contrário, os índices de QI decaíram. Por que isso ocorreu?
Vivemos numa era de superabundância de conteúdos e estímulos. O problema não é a facilidade de acesso ao rico conhecimento humano, que, como percebemos, pode ser obtido até de graça. O “calcanhar de Aquiles” atual é o foco, a concentração em algo. São tantas distrações e aplicativos tentando pescar a nossa atenção, que a maioria acaba escolhendo os mais prazerosos e abrindo mão daqueles que seriam mais interessantes a longo prazo.
O resultado é a idiotização em massa, vide o comportamento imbecil da grande maioria — o OnlyFans e o TikTok não me deixam mentir […]
“Estamos inundados de informações e famintos de sabedoria” — Zygmunt Bauman
— Alessander Raker Stehling
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