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  • Foto do escritorAlessander Raker Stehling

Segunda Tópica Freudiana: Desvendando o Modelo Estrutural do Aparelho Psíquico

Atualizado: 29 de nov. de 2023

Sigmund Freud, o pioneiro da psicanálise, revolucionou a compreensão do aparelho psíquico em 1920, complementando o "modelo topográfico" com o "modelo estrutural." Insatisfeito com as limitações do primeiro, especialmente na explicação de fenômenos clínicos, Freud estabeleceu, através de sua obra "Além do Princípio do Prazer" (1920), as bases do modelo estrutural ou dinâmico, um divisor de águas na compreensão da psique humana.


O que Freud quer dizer com "Estrutura"?


Ao introduzir o termo "estrutura," Freud propôs uma visão do aparelho psíquico como um conjunto de elementos interligados, cada um desempenhando funções específicas e influenciando-se mutuamente de maneira indissociável. Este modelo dinâmico, em contraste com a passividade sugerida pelo modelo topográfico, fundamenta-se na interação constante entre três instâncias principais: o id, o ego e o superego.


O Id: Pulsões e Princípio do Prazer


O id, instância psíquica que coincide virtualmente com o inconsciente, é o polo psicobiológico da personalidade. Constituído fundamentalmente pelas pulsões, representa a parte instintual da mente. Sua função econômica consiste em ser simultaneamente um reservatório e uma fonte de energia psíquica, regido pelo princípio do prazer, buscando a satisfação imediata das pulsões sem considerar a realidade externa.


O Ego: Mediador e Sede de Funções Conscientes e Inconscientes


O ego, desenvolvido a partir do id para Freud, atua como um mediador entre este e o superego. Dentre as funções do ego, podemos citar as conscientes, como a percepção, pensamento, memória, atenção, antecipação, discriminação, julgamento crítico, ação motora e as inconscientes, como a produção de angústias, mecanismos de defesa, fenômenos de identificação e formação de símbolos. Além disso, o ego é a sede de representações que moldam a imagem do sujeito e estruturam seu sentimento de identidade e autoestima.


O Superego: Formado a partir do Complexo de Édipo e Guardião dos Valores Morais


O superego, herdeiro do complexo de Édipo, surge de introjeções e identificações da criança com aspectos dos pais, sociedade e figuras de autoridade. Esta instância incorpora valores morais, éticos e ideais da cultura circundante. Sua função é impor mandamentos que normatizam a conduta do sujeito, estabelecendo limites e padrões éticos. É também papel do superego buscar a satisfação dos desejos do id de forma moralmente correta.


Dinâmica Psíquica: Equilíbrio e Conflitos entre Id, Ego e Superego


A relação entre id, ego e superego é complexa e dinâmica. O id pressiona o ego para a satisfação imediata, enquanto o superego busca conformidade moral. O ego, por sua vez, busca um equilíbrio entre essas forças para garantir um funcionamento psíquico eficaz.


Podemos entender essa dinâmica através de um exemplo simples: imagine que você está andando pela rua e vê uma padaria com uma vitrine cheia de doces. Você entra e se depara com um pudim de chocolate delicioso. O seu id, que é a parte da sua psique que busca a satisfação imediata, imediatamente deseja comer todo o pudim. Ele não se preocupa com as consequências, como ficar com dor de barriga ou engordar.


O seu superego, por outro lado, que é a parte da sua psique que busca a conformidade moral, diz que você não deveria comer todo o pudim. Ele lembra que você está de dieta e que comer muito doce pode fazer mal para a sua saúde.


O seu ego, que é a parte da sua psique que lida com a realidade, tenta encontrar uma solução que satisfaça as duas partes. Ele decide comer apenas um pedaço do pudim, para satisfazer o seu id, mas não exagerar, para não desagradar o seu superego.


Neste exemplo, o ego medeia a disputa entre o id e o superego, encontrando uma solução que é realista e que atende às necessidades de ambas as partes.


Dinâmica Psíquica no Comportamento


O comportamento humano pode ser explicado através da prevalência das três instâncias: id, ego e superego. Pessoas impulsivas e inconsequentes refletem a predominância do id, enquanto aquelas que vivem se culpando, autossabotando e punindo evidenciam ter um superego rígido e dominante. Por outro lado, as pessoas que possuem um ego equilibrado conseguem ter comportamentos mais saudáveis e adaptativos, permitindo-se o prazer comedido, sem se deixarem ser controladas pelos seus impulsos ou regras morais rígidas.


Em suma, o modelo estrutural do aparelho psíquico oferece uma visão intricada e dinâmica da mente humana. Ao desvendar as interações entre id, ego e superego, somos levados a uma compreensão mais profunda das motivações, impulsos e comportamentos que moldam nossa experiência psíquica. A jornada através da Segunda Tópica é, portanto, uma exploração fascinante das complexidades da psique humana, conforme delineadas pela genialidade de Sigmund Freud.


— Alessander Raker Stehling

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“A diferenciação do psíquico em consciente e inconsciente é a premissa básica da psicanálise.” - Frase Sigmund Freud
“A diferenciação do psíquico em consciente e inconsciente é a premissa básica da psicanálise.” - Frase Sigmund Freud

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