Você se lembra do antigo relógio de ponto?
Chegávamos no trabalho, inseríamos nele um cartão e puxávamos uma alavanca em sua lateral, pronto, o início da nossa jornada laboral estava registrado.
Fazíamos isso todos os dias, ao entrarmos e sairmos da empresa, o que eu particularmente gostava bastante, pois era possível separar trabalho e não trabalho, entretanto, muitas empresas modernas aboliram esse método.
Diversas startups e fintechs adotam hoje um sistema “livre” de trabalho. Você tem diversas “regalias”: pode escolher o seu horário, tem salas de estar, jogos, ganha mimos, e consegue inclusive dormir no local de ocupação. A princípio isso soa como liberdade, mas muitos acabam se descontrolando nos horários e misturando a vida pessoal com a laboral.
Não raro levamos serviços para casa e respondemos a demandas fora do expediente. Notebooks e smartphones se transformam em extensões do nosso trabalho.
Agindo assim embananamos toda a nossa vida. Já não sabemos que horas é o lazer, quando responder à namorada, ou dar atenção para o filho. Oprimimos a nós mesmos.
As “vantagens” que as instituições dão aos seus empregados os levam a se autoexplorarem, estes pensam assim: “Esse é o emprego dos meus sonhos, sou livre, tenho muitas vantagens, não posso perder essa oportunidade." Contudo, se analisassem bem, perceberiam que já não possuem mais vida: exploram a si mesmos de boa-fé, e se afastam dos contatos sociais que realmente se importam com eles.
O emprego “moderno” nos leva à coação, e a uma falsa imagem de liberdade. Ao abandonarmos os limites claros do relógio de ponto entramos nesta falsa liberdade, largamos a repressão e abraçamos a depressão.
Doamos voluntariamente nossa saúde — para as modernas instituições — até a nossa exaustão (o Burnout prova bem isso), e quando perdemos as forças, ou adoecemos, somos os primeiros a levarmos um belo “chute no traseiro” em direção ao limbo.
Para eles você é apenas um número no registro, que, caso diminua o passo, será prontamente substituído.
— Alessander Raker Stehling
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