Sócrates afirmou no Fédon que filosofar é se preparar para a morte. Falar da finitude humana — ou de outras espécies — nunca é fácil. Pense em todas as pessoas que ama profundamente e imagine-as mortas, em um caixão à sua frente. É torturante e difícil, não é mesmo? Desculpe-me por colocá-lo nessa situação.
Freud dizia que “o objetivo da vida é a morte.” Porém, ele ficou profundamente abalado com a morte do pai, Jacob, e da filha, Sophie. Uma coisa é teorizar sobre a morte e outra, totalmente diferente, é senti-la. E sejamos honestos: ao perdermos um ente querido, sentimos que uma parte nossa vai junto com ele para a cova.
Existe, porém, um outro tipo de sofrimento ligado à morte, não ao seu acontecimento, mas à expectativa dela. Viver na angústia constante da perda que ainda não chegou é um fardo insuportável. É como se morrêssemos um pouco a cada dia, carregando um luto antecipado que rouba a alegria dos momentos que ainda temos. A dor da perda é inevitável e, quando ela vier, será avassaladora, inconsolável e irremediável. Não podemos escapar desse sofrimento. No entanto, viver diariamente sob a sombra da morte é um desperdício da vida que ainda pulsa ao nosso redor.
A morte chegará para todos nós, e essa é a única certeza que temos. Mas, até lá, há vida para ser vivida. Há risadas para compartilhar, abraços para dar, palavras para trocar e momentos para criar. O medo da morte, ou pior, a expectativa do sofrimento, nos impede de apreciar o que ainda temos. A espera angustiada pela perda apenas amplifica o sofrimento, estendendo-o por dias, meses, talvez anos, sem necessidade.
Aproveitar cada momento, estar presente com aqueles que amamos, é a única maneira de honrar a vida que nos foi dada. O sofrimento virá, e quando ele vier, teremos que enfrentá-lo. Mas, até lá, por que não viver plenamente? Por que não aproveitar a presença daqueles que amamos, celebrar a vida que ainda está aqui, em vez de antecipar a tristeza que ainda não chegou?
A vida é frágil, sim, mas também é preciosa. E, enquanto ela durar, merece ser vivida com intensidade e amor. Não deixe que o medo da morte roube o que há de mais valioso: o presente, os momentos compartilhados, o agora. Quando a hora do sofrimento chegar, encare-o de frente. Mas, até lá, viva. Viva intensamente, viva profundamente e deixe que o amanhã cuide de si mesmo.
— Alessander Raker Stehling
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