— Meu sonho é ir morar no meio do mato: plantar, regar as plantas, cuidar de umas galinhas e dos bichinhos, coisa simples.
Foi o que meu pai disse esta semana, num bate-papo sobre sonhos de vida. Confesso que, no momento, senti uma certa giriza. Talvez porque fui criado em apartamento a infância toda e, dentro dele, não tinha uma plantinha para regar — mentira, tinha só aquele cacto e a samambaia. Mas, pensando melhor, percebo que essa ideia de vida tranquila e simples não é ruim não. Na verdade, é tudo o que nos falta hoje.
O que meu pai deseja é uma vida básica, em meio à natureza. Dá trabalho, claro — cuidar das plantas, alimentar os animais, capinar, manter a terra saudável. Mas, mesmo assim, ainda deve sobrar uma boa parte do dia. Agora, se compararmos com a vida moderna… ah, aí é outra história. “O dia tinha que ter era 48 horas”, já ouvi muita gente falando isso, mas creio que o problema nem seja esse. O problema é que gastamos tempo demais com coisas que não fazem o menor sentido.
Por exemplo, quanto tempo uma pessoa passa deslizando o dedo na tela do celular, vendo a vida dos outros? Minutos que viram horas, que viram dias inteiros ao longo do ano. E pra quê? Para saber o que um desconhecido comeu no café da manhã ou acompanhar o drama do cachorrinho da influencer que desapareceu? Qual o sentido disso? O pior é que a bagaceira é tão viciante, que a gente ainda fica lá vendo e comentando. Aff!
E as reuniões? Eu odeio reuniões! A maioria delas poderia ser resolvida com um e-mail. Outras nem precisariam existir. Mas lá vamos nós, perder uma hora discutindo o que poderia ter sido resolvido em cinco minutos. E, por falar em e-mails, quantos deles realmente importam? A gente abre a caixa de entrada e se depara com cinquenta mensagens, das quais quarenta e oito poderiam ser ignoradas sem problema.
A verdade é que vivemos atolados de coisas sem propósito, dando descarga em horas e horas do nosso dia, para depois tentarmos fazer tudo ao mesmo tempo e, no fim, não fazermos nada direito. Falta gestão de tempo — esse papo de gestão me lembra reunião, ladainha… ai ai...
O curioso é que a solução é simples — não fácil. Se eliminarmos o excesso, sobra tempo. Sobra tempo para um café sem pressa, para uma conversa profunda sem olhar para o celular a cada cinco minutos, para a leitura de um livro em vez de um monte de resuminhos pela internet. Sobra tempo até para dormir gostoso e sonhar, quem diria?
É, esse trem que meu pai sonha não é ruim, não, viu. Talvez a gente não precise ir pro mato para ter paz, mas certamente precisamos tirar — ou pelo menos reduzir — um montão de coisas na nossa vida. Menos detonadores de tempo, mais coisas essenciais. No fim das contas, a paz que tanto buscamos não está num lugar especial, mas no que escolhemos carregar — ou finalmente nos livrar.
— Alessander Raker Stehling
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