Estava pagando umas contas numa casa lotérica e notei que um apostador da Mega-Sena estava todo feliz conversando com a operadora do caixa. Tomei a iniciativa de perguntar a ele: “se você ganhar esse prêmio de quase 50 milhões, o que fará?” Ele, sem pensar duas vezes, disse: “uai, isso é fácil, vou comprar tudo que sempre quis, um casão, um carrão, viajar muito e investir.” Eu sorri, me despedi e fiquei pensando no que ele disse. Quando chegou à noite, li essa frase de Goethe, anexa a esse post.
Goethe basicamente apresenta três problemas que impedem que a humanidade alcance um estado de “perfeição”, isto é, de maior justiça e igualdade. Ele cita os "demônios malignos” do egoísmo e inveja, e também uma questão política, a luta entre partidos. Logo, podemos dizer que os três problemas são: o egoísmo, a inveja e a busca por poder e controle.
O egoísmo, talvez o mais arraigado desses demônios, permeia todas as camadas da sociedade. Desde as decisões individuais mais triviais até as políticas governamentais mais impactantes, o interesse próprio muitas vezes supera o bem comum. A busca incessante pela acumulação de riqueza, status e poder impulsiona muitos de nós, enquanto outros são deixados para trás, lutando para sobreviver em um sistema que valoriza mais o sucesso individual do que a solidariedade coletiva.
A inveja, por sua vez, é como um câncer que corrói os laços sociais e mina a empatia. Em uma cultura que glorifica a competição e a comparação constante, é fácil cair na armadilha da inveja. A felicidade alheia muitas vezes é vista como uma ameaça, em vez de uma fonte de inspiração. A sociedade moderna, inundada por imagens de luxo e sucesso — vide mídias sociais —, perpetua um ciclo de insatisfação crônica, onde o desejo pelo que os outros têm obscurece a gratidão pelo que já possuímos.
E, por fim, a luta pelo poder e controle parece infindável, especialmente em um contexto político cada vez mais polarizado. Partidos e ideologias competem não apenas por votos, mas pela narrativa dominante, muitas vezes sacrificando a verdade em prol da conveniência política. O resultado é uma sociedade dividida, onde o diálogo cede lugar à retórica inflamada e a cooperação é substituída pela obstinação partidária.
Ao me lembrar daquele apostador na fila do caixa, penso que mesmo se a fortuna da Mega-Sena fosse distribuída entre todos, a maioria simplesmente se entregaria aos caprichos dos desejos pessoais, sem contribuir, em nada, para o bem-estar coletivo. O episódio na lotérica ressalta apenas uma triste realidade: um indivíduo, cegado pela promessa de riqueza instantânea, mal consegue vislumbrar além do horizonte de suas próprias ambições.
Não tenho dúvidas que esses três males, como apontados por Goethe, são as forças que mantêm a humanidade presa em um ciclo interminável de desigualdade e sofrimento. Enquanto o egoísmo, a inveja e a busca pelo poder continuarem a dominar nossas mentes e corações, a ideia de uma sociedade verdadeiramente perfeita permanecerá como um ideal inalcançável.
“Não há nada mais difícil ou perigoso do que tomar a frente na introdução de uma mudança.” Maquiavel
— Alessander Raker Stehling
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