“Cogito, ergo sum” essa é uma das frases mais conhecidas da filosofia, dita pelo grande filósofo e matemático francês René Descartes. Ela, é geralmente traduzida para o português como “penso, logo existo”; embora digam que é mais corretamente traduzida como “penso, portanto sou.”
Desde Descartes (1596–1650) o sujeito ocupava um lugar privilegiado: ele detinha a verdade e o conhecimento sobre si. A sua subjetividade estava ligada diretamente à sua consciência. Os racionalistas acreditavam que todo conhecimento verdadeiro advinha da racionalidade. Nessa corrente filosófica as paixões e os desejos deveriam ser combatidos, já que estes modificavam o pensamento.
Daí chegou Freud tacando “fogo no parquinho”, desqualificando esse sujeito do conhecimento, simplificando: para Freud, a pessoa não era aquilo que ela falava ser, mas era algo muito além disso.
Ao ouvir seus pacientes em terapia, Freud constatou que todos eles possuíam inconscientemente um sujeito desejante, em outras palavras, todos estavam divididos. De um lado afirmavam terem certeza do que falavam e pensavam, mas do outro lado agiam contrário ao que diziam, e tinham inclusive muitos desejos conflitantes, opostos aos que afirmavam conscientemente ter. Havia uma duplicidade de sujeitos na mesma pessoa, digo, uma pessoa em seu consciente e outra em seu inconsciente, que inclusive brigavam entre si para ver quem iria assumir o controle.
Talvez esteja confuso, mas facilitarei para você. Creio que já ocorreu de você “empurrar com a barriga” algo que dizia querer muito, como começar uma dieta, ir à academia, ou ler um livro, por exemplo. Muitos dizem: “Amanhã eu começo”, mas esse “amanhã” nunca chega. A própria pessoa se sabota, ela age contra si mesma: inventa uma desculpa, nega o que disse, tem dor de cabeça... Esse é um exemplo de sujeito dividido em si — um, consciente, quer a dieta; e o outro, inconsciente, não quer, e, além disso, faz de tudo para sabotar o primeiro, aquele que fez os planos. Resumindo: falamos uma coisa e fazemos outra, isso é bastante comum a todos.
Nisso vem Lacan invertendo a máxima de Descartes, dizia ele: “Penso onde não sou; portanto, sou onde não me penso.” O que ele quis dizer com isso é que temos de considerar também o sujeito do inconsciente.
Freud considerou o inconsciente das pessoas, ele deu voz a esse sujeito desejante — que os racionalistas negavam. Ele desenvolveu um método de escuta e análise desses inconscientes — que chamou de psicanálise.
O inconsciente não é um lugar sombrio, ou mal por natureza, mas uma parte de cada um de nós, que trabalha em conjunto com a nossa consciência, mas que possui leis distintas dela. Para estudarmos mais a fundo o inconsciente temos de observar os atos falhos, chistes, sonhos (principalmente), os sintomas, os mecanismos de defesa… e considerar os desejos. Tudo isso será esmiuçado posteriormente.
Um forte abraço.
— Alessander Raker Stehling
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