Os animais, ao contrário de nós, matam para sobreviver, guiados por necessidades básicas e naturais. Não há entre eles a noção de destruição por prazer, nem de guerra pela guerra. Já nós, humanos, temos uma inclinação para a violência que transcende a autopreservação. Nos deleitamos em dominar, explorar e destruir nossos semelhantes. A guerra entre Israel e o Hamas, por exemplo, já resultou em milhares de mortes, com números estimados em mais de 186.000 pessoas. Na Rússia e Ucrânia, um conflito que já dura dois anos, contabiliza mais de 700.000 soldados mortos ou feridos.
Esses números não são apenas estatísticas; são vidas extirpadas pela ganância, sede de poder e por agressão sem sentido. E o mais trágico é que, diferente dos animais, que seguem seus instintos para a sobrevivência, nós, com nossa “inteligência superior”, buscamos motivos fúteis para justificar o horror que infligimos uns aos outros.
Thomas Hobbes estava certo ao afirmar que “o homem é o lobo do homem”, mas talvez seja uma ofensa aos lobos comparar-nos a eles. Os lobos têm um código muito belo de conduta e convívio; já nós, humanos, temos uma história de autodestruição que nos envergonha. Se não fossem as leis rigorosas impostas pela civilização, estaríamos todos vivendo como feras soltas, prontos para destruir qualquer um que cruzasse nosso caminho.
Freud foi bastante assertivo ao dizer que a inteligência é o único meio de domar nossos instintos, mas até onde essa inteligência nos levou? Apenas a formas mais sofisticadas de violência e crueldade — veja o uso de drones repletos de explosivos ou robôs armados, à la “O Exterminador do Futuro”. Bradamos aos quatro cantos do mundo nossa superioridade em relação aos animais, mas essa arrogância esconde uma verdade dolorosa: as criaturas mais selvagens não chegam nem perto da crueldade, sadismo e maldade humanas. Se há algo a aprender com os animais, é que eles, em sua simplicidade, seguem o ciclo da vida sem as camadas de brutalidade que criamos. Nós, que nos orgulhamos de nossa racionalidade, deveríamos nos envergonhar de sermos os únicos seres vivos que transformam o planeta em um campo de batalha sem fim.
— Alessander Raker Stehling
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