“Você já fez terapia?”, perguntei para o meu tio. “Eu não, não sou doido, preciso disso não”, ele respondeu e todos os nossos parentes que estavam ouvindo caíram na risada.
Essa cena é comum em muitas famílias: a menção à terapia é frequentemente acompanhada por olhares de desconfiança ou até mesmo risadas. Como no caso do meu tio, muitos ainda associam buscar ajuda psicológica com uma espécie de “admissão de fraqueza” ou indicativo de loucura. No entanto, essa visão está longe de refletir a realidade da psicoterapia.
Enquanto conversava com meu tio sobre terapia, percebi uma falha fundamental em seu entendimento: a terapia não é apenas para aqueles que enfrentam crises profundas ou "doiduras". Pelo contrário, é uma ferramenta poderosa que pode ser utilizada por qualquer pessoa, em qualquer estágio da vida, para promover o bem-estar emocional e o crescimento pessoal.
Muitas vezes, enxergamos a terapia como um último recurso, algo a ser recorrido apenas quando estamos no “fundo do poço”. No entanto, isso ignora completamente o potencial preventivo da terapia. Assim como cuidamos do nosso corpo através da alimentação saudável e exercícios físicos, a terapia oferece uma maneira de cuidar da nossa saúde mental antes que os problemas se tornem insuperáveis, em outras palavras, antes do “circo pegar fogo”.
Voltando à minha conversa com meu tio, fiquei pensando em como poderia explicar a ele essa perspectiva diferente sobre terapia. “Como falar para ele que terapia não é coisa de gente doida?”
Decidi apresentar para ele toda a minha experiência fazendo terapia — se bem que sou um pouco doido, mas isso não vem ao caso. Expliquei como a terapia me ajudou não apenas a superar alguns traumas, mas também a me autoconhecer e desenvolver habilidades de enfrentamento da vida. Vi um sorriso e um brilho de compreensão em seus olhos enquanto ele começava a ver a terapia sob um novo viés..
Sinceramente, já passou da hora de desfazermos os estigmas em torno da terapia e reconhecer seu valor intrínseco como uma ferramenta para o crescimento pessoal e o bem-estar emocional. Afinal, assim como cuidamos de nossos corpos físicos, também devemos cuidar de nossas mentes. A terapia não é apenas para os “doidos”, como meu tio sugeriu, mas para todos que estão comprometidos em viver uma vida plena e saudável, que são responsáveis e não querem ficar projetando seus lixos emocionais nos outros.
Uma coisa é certa: a vida é repleta de altos e baixos, então, aproveite que você está aí sorridente e alegre e comece a fazer sua terapia, para que, quando estiver pra baixo e deprimido, tenha recursos para sair dessa situação. É melhor se prevenir, vai por mim.
— Alessander Raker Stehling
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