“Como é que você se definiria?”
Essa pergunta, feita por uma psicóloga em uma dinâmica de grupo, caiu no meio da roda, deixando todo mundo com a pulga atrás da orelha. Cada um formulou sua resposta do jeito que deu, algumas mais objetivas e outras até poéticas:
“Sou um sonhador em busca de novos horizontes…”
“Sou resiliente, capaz de me adaptar a qualquer situação.”
“Eu me vejo como uma águia… forte, mas livre.”
E aí chegou a minha vez. Pensei por um momento e soltei (não repare no meu sotaque mineiro):
“Uai, esse trem é difi dimais di respondê. Porque definir é determinar os meus limites e, sendo bem sincero, eu num sei us meus limites.”
Silêncio. A psicóloga fez aquela cara de quem achou a resposta interessante, mas claramente não sabia o que fazer com ela. Os outros participantes trocaram olhares, provavelmente pensando: “Esse cara é muito doido”.
Não sei se minha resposta me ajudou ou me ferrou na seleção. De toda forma, não passei para a próxima etapa. Mas, me diz aí: como é que alguém com 22 anos, que nunca havia saído da casa dos pais e que só sabia, na época, fazer um miojo com salsicha — se achando o “MasterChef” —, vai conhecer os próprios limites? Se aqueles fossem meus limites, eu tava ferrado!
Se bem que a psicóloga poderia ter feito uma pergunta mais clichê, tipo: “Quais são suas qualidades e defeitos?” Aí era só jogar no automático: “Sou perfeccionista demais, um pouquinho ansioso...” (aquela baboseira que todo mundo fala, né?). Mas não, ela foi logo na filosofia, fazendo uma pergunta que faria até Sócrates revirar na tumba: “Como você se definiria?”
O engraçado é que, depois da dinâmica, comecei a pensar na minha resposta. Não ter passado me deu um tempo livre para filosofar (ou coçar o saco, dependendo do ponto de vista). E cheguei a uma conclusão: talvez a vida seja mais interessante justamente porque a gente não conhece nossos limites. Se eu já sei quem sou, então pronto, não preciso me conhecer mais. Vou até aqui e ponto final, esse é o meu limite, esse é o meu máximo.
No fim, acho que o que importa não é a resposta certa, mas a vontade de continuar perguntando. E, quer saber? Da próxima vez que alguém me perguntar como me defino, já até sei o que vou responder. Vou simplesmente dizer:
“Ah, eu sou um rascunho. Sempre em revisão.”
É isso!
— Alessander Raker Stehling
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