O mito de Narciso, originário da mitologia grega, traz consigo lições atemporais sobre os perigos da obsessão pela própria imagem e beleza. Filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liríope, Narciso era dotado de uma extraordinária beleza. Contudo, o oráculo de Tirinto previu que ele viveria uma longa vida, desde que nunca visse sua própria imagem.
Ao ser perseguido por Eco, uma ninfa que só podia repetir as palavras dos outros, Narciso rejeitou seus avanços, desencadeando a vingança da deusa Némesis a pedido de Eco. Narciso foi amaldiçoado, o que fez com que ele se apaixonasse por sua própria imagem refletida na água.
Obcecado por sua própria beleza, Narciso contemplou seu reflexo até definhar e morrer à beira de um lago. No lugar de seu corpo, uma flor delicada conhecida como narciso floresceu, marcando o trágico desfecho da história.
O mito de Narciso serve como uma alegoria, alertando sobre os efeitos devastadores da obsessão pela própria imagem e beleza.
🌷 O Narcisismo na Cultura Popular
Popularmente, o narcisismo é associado ao excesso de amor-próprio, autoadmiração e à crença na superioridade sobre os outros. A busca constante por atenção e a dificuldade em se relacionar são características marcantes. A falta de empatia, outro traço, revela a incapacidade do narcisista em compreender as perspectivas alheias.
Esses padrões comportamentais refletem uma visão contemporânea do narcisismo, que vai além do mito grego e permeia as relações interpessoais na sociedade moderna.
🌷 A Perspectiva Freudiana sobre o Narcisismo
Para Freud, o narcisismo não era uma perversão, mas um estágio normal da evolução psicossexual humana. Em 1914, com "Introdução ao Narcisismo", ele elevou o termo a um conceito essencial na teoria do desenvolvimento humano. Karl Abraham também contribuiu, associando o narcisismo à psicose e à superestimação sexual.
Freud destacou a existência de um narcisismo primário, relacionado à criança que se ama antes de escolher objetos externos, e um narcisismo secundário, ligado a um estado de regressão, comum na psicose e também a uma estrutura permanente do sujeito, ou seja, presente em todos nós.
🌷 Tipos de Narcisismo: Primário e Secundário
Em Freud, o narcisismo primário designa, de um modo geral, o primeiro narcisismo, o da criança que toma a si mesma como objeto de amor, antes de escolher objetos exteriores. Esse estado corresponderia à crença da criança na onipotência dos seus pensamentos.
Já o narcisismo secundário é o resultado da retirada da libido dos objetos externos, manifestando-se tanto em estados extremos de regressão, como na psicose, quanto como uma estrutura permanente do sujeito. Neste estágio, coexistem investimentos nos objetos externos e no ego, mantendo um equilíbrio energético.
🌷 Exemplos de Narcisismo Primário e Secundário
Um exemplo de narcisismo primário pode ser observado em comportamentos específicos de bebês em relação ao seu próprio corpo. Por exemplo, um bebê pode se encantar ao descobrir suas mãos e dedos, exibindo sinais de prazer ao movimentá-los e observá-los. Durante esse estágio, a criança pode demonstrar uma preferência por interagir com partes do seu próprio corpo, investindo emocionalmente nessa descoberta.
O narcisismo secundário pode ser exemplificado por um indivíduo que, ao longo da vida, mantém uma forte valorização pessoal, mesmo ao manter relacionamentos e investir emocionalmente em objetos externos (pessoas e coisas). Em outras palavras, uma pessoa equilibrada, que valoriza e investe tanto em si quanto nos outros.
🌷 Conclusão
O mito de Narciso transcende a mitologia grega, estendendo-se para reflexões psicológicas e teorias fundamentais na psicanálise, como as de Freud e Karl Abraham. Ao explorar os diferentes tipos de narcisismo, podemos compreender melhor as complexidades desse fenômeno, presente não apenas em mitos antigos, mas também nas interações cotidianas e na estrutura psicológica humana. A chave para evitar os perigos do narcisismo é encontrar um equilíbrio entre o amor-próprio e o amor pelos outros. Quando nos amamos demais, perdemos a capacidade de amar e ser amados por outras pessoas. Quando não nos amamos o suficiente, nos tornamos vulneráveis à manipulação e à exploração. Diante de tudo o que foi exposto, encerro este artigo com uma frase do mestre Aristóteles: “O equilíbrio é a perfeição”. Caso tenha gostado desse artigo, experimente esses outros sobre o mesmo tema • Desvendando o Narcisismo: Entendendo o seu Funcionamento segundo Freud
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— Alessander Raker Stehling
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