Conversava ontem com Jane, uma amiga incrível. Inteligente, bem-sucedida como advogada, independente e cheia de vida, ela é admirada na cidade. No entanto, sua vida é marcada por um agressor, seu marido, que se torna violento quando bebe.
Ao notar um hematoma em seu braço, perguntei: “Jane, o que aconteceu? Estou vendo que você está machucada.” Com vergonha nos olhos, ela respondeu: “Ah, Alê, anteontem, eu e o Flávio, ele tinha bebido um pouco, e você sabe como ele fica. Acabou me machucando, mas já pediu desculpas e disse que me ama, que foi sem querer.” “Não é a primeira vez, né Jane?”, comentei. “É, Alê, você já me alertou várias vezes. Eu sei que você deve estar cansado, desabafei tanto sobre minha relação, mas entenda, você está certo, a relação é tóxica, mas tenho medo. O Flávio é um cara bom, trabalhador, educado e gentil quando não bebe. Hoje em dia, encontrar alguém assim é difícil. Você sabe como foi difícil casar com ele, e esse sempre foi o meu sonho.”
“Você já conhece minha opinião, Jane. Não concordo, mas respeito suas escolhas, mesmo que me doa por dentro.”, disse, frustrado.
Refletindo sobre a resistência de Jane em deixar esse relacionamento abusivo, percebo a complexidade emocional envolvida. Uma mulher admirável enfrenta o desafio de se libertar de um ciclo prejudicial, onde o medo de abandonar o conhecido a impede de buscar um ambiente saudável e seguro.
A história de Jane confirma a tendência humana de buscar o que é familiar, mesmo que isso envolva suportar abusos físicos e emocionais. Seu receio de enfrentar o desconhecido, junto à esperança de mudança e aos momentos de gentileza do marido, tornam a tomada de decisão ainda mais difícil.
Assim como Jane, muitos lutam entre a imagem de um parceiro “trabalhador, educado e gentil quando não bebe” e a realidade de um relacionamento tóxico. O desconforto de abandonar o conhecido parece mais assustador do que ter segurança, liberdade e paz.
Entendo que essa batalha é difícil para muitas pessoas que tentam romper com relacionamentos abusivos. Jane, uma mulher incrível, merece viver sem medo e violência. Desejo que ela encontre força interior para dar esse passo crucial em direção à sua libertação, segurança e felicidade.
— Alessander Raker Stehling
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