Imagine se amanhã, ao acordar, você se deparasse com um mundo sem leis, onde cada um seguisse seus instintos e impulsos livremente.
Neste ambiente, tudo seria permitido. Uma pequena desavença seria motivo suficiente para descarregar toda a raiva no outro, eliminando-o do mapa. O desejo de fazer sexo não encontraria barreiras; a primeira pessoa que passasse na rua seria objeto de satisfação dos instintos mais primitivos.
Nas ruas, o caos imperaria. Homens e mulheres, crianças e idosos, todos vivendo como feras selvagens em uma selva urbana. A ausência de normas criaria um ambiente onde a sobrevivência dependeria da força bruta e da astúcia. Famílias desmoronariam, laços de amizade se dissolveriam, e a confiança entre indivíduos seria inexistente. Cada um seria inimigo do outro, temendo pela própria vida a cada esquina.
Os impulsos mais sombrios do ser humano emergiriam com uma intensidade nunca antes vista. A inveja, a cobiça, o desejo de poder e controle transformariam o cotidiano em um campo de batalha constante. Sem a inteligência para mediar os instintos, a civilização retrocederia a um estado pior que o pré-histórico, onde a moralidade e a ética não teriam serventia.
As cidades, outrora símbolos de progresso e cooperação, se tornariam ruínas de violência e desespero. As escolas e universidades fechariam suas portas, pois o conhecimento não teria mais valor em um mundo onde a força e a astúcia governam. O trabalho, a filosofia, a ciência, a cultura e as artes seriam abandonados, substituídos por uma luta incessante pela sobrevivência.
Ao imaginarmos esse cenário distópico, passamos a valorizar mais a admoestação de Freud: “a inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos.” Sem ela, nos transformaríamos em bestas, escravos de nossos desejos mais básicos, incapazes de construir algo duradouro ou significativo.
O que restaria seria um mundo desolado, marcado pelo medo e pela desconfiança, onde o amor e a compaixão seriam meras lembranças de um passado distante. A tragédia não estaria apenas na destruição física, mas na perda daquilo que nos torna verdadeiramente humanos: a capacidade de refletir, de sonhar, de criar e de amar. Sem a inteligência para guiar nossos passos, nos perderíamos em um abismo de caos e destruição, onde o instinto reinaria absoluto, e a essência humana, se extinguiria.
— Alessander Raker Stehling
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