Por volta de 1882, Sigmund Freud e seu colega médico, Josef Breuer, dirigiram-se à residência de uma paciente que atendia pelo pseudônimo de Anna O. Ela havia perdido seu pai e apresentava sintomas histéricos, como paralisias em partes do corpo e dificuldades para beber água. Ao chegarem, Breuer iniciou o tratamento da paciente com empatia, ouvindo atentamente suas preocupações e oferecendo-lhe o devido suporte.
Durante o processo terapêutico, Freud observou que Anna apresentou sentimentos intensos e um amor profundo por Josef Breuer, chegando a chamá-lo de "Pai" e "Salvador" e até desenvolvendo uma gravidez psicológica. Essa situação criou um grande problema, uma vez que Breuer era casado. Foi nesse momento que Freud identificou o que posteriormente denominaria de "amor de transferência".
O amor de transferência nada mais é do que a transferência de afetos que originalmente eram direcionados a figuras parentais na infância a outras figuras na vida adulta. Essa dinâmica é comum nas relações humanas, onde um indivíduo pode inconscientemente tratar seu parceiro(a) como se fosse uma mãe ou um pai.
Na terapia, os psicoterapeutas observam essa transferência de afetos, sejam eles positivos ou negativos. Às vezes, emoções como raiva ou amor direcionados aos pais na infância são reeditados e transferidos para o terapeuta, que deve ficar atento. É nesse momento de transferência que é possível analisar e compreender os afetos e necessidades não atendidas que reclamam satisfação. Isso pode incluir a necessidade de proteção, reconhecimento, amor e validação que não foram plenamente supridos pelos pais.
Na terapia, os pacientes têm a oportunidade de revisitar e reformular seu conceito de amor, explorando como suas respostas afetivas, estabelecidas na infância, influenciam seus comportamentos e relacionamentos na vida adulta. Eles podem aprender a amar de uma maneira mais madura, deixando de lado os anseios infantis e adotando uma abordagem mais saudável de doação e cuidado.
Portanto, o amor de transferência é um elemento importante na terapia, pois permite que os pacientes compreendam e atualizem seus padrões de amor internalizados, enriquecendo seus relacionamentos e suas vidas.
— Alessander Raker Stehling
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