Freud dedicou sua vida ao estudo da subjetividade humana. Algo de extrema complexidade, vejamos por quê.
Como dizia Lacan: “o inconsciente é estruturado como uma linguagem”, ou seja, segue as mesmas regras da linguagem. Sejamos mais claros: na infância, a criança está super aberta ao aprendizado, ela grava tudo em seu “cérebro voraz”. Quando os pais chamam o cachorrinho da família e apontam para o animal de estimação, a criança passa a registrar em seu cérebro, as imagens, palavras e sensações. Essa lembrança repleta de afetos positivos e negativos se amplifica dia após dia, transformando-se na vida adulta em algo único e impossível de ser decifrado.
Podemos dizer assim que: uma palavra não é “uma” palavra, porque uma palavra é aquilo que ela significa para certa pessoa que a usa. Por exemplo: o significante cachorro pode ter diversos significados, como fiel, carinhoso, amoroso, mau, perigoso, ameaçador… Tente se imaginar na escolinha, lá em sua infância, quando o professor ligava um substantivo a vários adjetivos. Nosso cérebro funciona assim, porém de forma bem mais complexa.
A palavra amor, por exemplo, tinha um significado para os românticos do século XX (de Freud); significado esse que, para os românticos modernos, creio que soaria artificial, meloso, ou até dramático. Além disso, não é exagero dizermos que uma palavra nunca significa a mesma coisa para duas ou mais pessoas. E podemos afirmar, inclusive, que a mesma palavra assumirá diferentes significados, em diferentes épocas, para a mesma pessoa.
Freud tinha conhecimento da subjetividade das expressões verbais humanas, sendo assim, ele questionava o que determinada palavra, proferida no presente pelo seu paciente, significou para ele em determinado momento, ou contexto passado.
Agindo assim, ele encontrava — em seus pacientes — registros mentais que despertavam emoções conflitantes, dolorosas…, sendo estas associações trabalhadas em terapia, para que, no final do processo terapêutico, essas lembranças não mais se correlacionassem com as emoções dolorosas despertadas no passado, o que produzia enorme alívio mental a seus pacientes.
Só temos a agradecer ao Dr. Freud, pela sua genialidade e método terapêutico.
— Alessander Raker Stehling
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