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Foto do escritorAlessander Raker Stehling

Bertrand Russell e a Importância de Aceitar o Tédio para se Viver Melhor e mais Feliz

Você já parou para pensar na vida de um trabalhador de fábrica no Brasil? Imagine: ele acorda às 6h da manhã, lava o rosto, penteia o cabelo, prepara um café com pão e manteiga, talvez uma banana e um ovo cozido. Na geladeira, pega sua marmita — arroz, feijão, angu, um pedaço de linguiça, couve e uma “saladinha” de tomate. Coloca tudo na mochila junto com o uniforme e vai pegar o “busão”. O trajeto? Uma hora e quinze minutos — em pé — até a fábrica. Chegando lá, ele veste o uniforme, vai para sua estação e... o resto do dia, já dá para imaginar, é pura rotina. Não precisamos nem entrar nos detalhes para sentir que a vida desse trabalhador é monótona, não é?


Agora, me diga: o que você sentiu ao ler isso? Talvez tédio, um pouquinho de tristeza ou até uma angústia silenciosa. O interessante é que, de um jeito ou de outro, todos conseguimos identificar essa vida como algo… normal. Sem glamour, sem reviravoltas empolgantes, em suma: sem grandes emoções. E agora, vamos falar de você.


Como é a sua rotina? Pode não ser exatamente como a desse trabalhador, mas provavelmente também tem os seus momentos de marasmo. Acordar cedo, enfrentar o trânsito, responder e-mails, talvez almoçar algo rápido, voltar para as mesmas atividades. Às vezes, o dia parece se arrastar, e quando a noite chega, você se pergunta: “É isso mesmo?” E sim, é isso mesmo, afinal, os boletos não se pagam sozinhos, não é mesmo?!



O problema é que muitos jovens, bombardeados pelas mídias sociais, vivem numa bolha de emoções instantâneas e vidas “perfeitas”. Eles veem influenciadores viajando o mundo, saltando de paraquedas, participando de festas badaladas, e começam a acreditar que a vida precisa ser emocionante o tempo todo. Quando se deparam com o tédio de um emprego comum, de um livro sem muitas reviravoltas, ou até do simples silêncio de ficar consigo mesmos, se desesperam. “Mais de 300 páginas? Não, tô fora!” E aí buscam a dopamina barata: vídeos curtos, festas, viagens, álcool — qualquer coisa que ofereça estímulos rápidos e intensos.


Bertrand Russell foi realista nessa fala: “Para levar uma vida feliz é imprescindível a capacidade de suportar algum tédio.” Ele não está sugerindo que a felicidade vem da monotonia, mas que a verdadeira felicidade não depende de estímulos constantes e barulhentos. Aqueles que fogem do tédio a todo custo, que não conseguem apreciar momentos de calma ou a própria companhia, acabam se tornando escravos da busca incessante por algo que os distraia.


A verdade é que a vida, para a maioria de nós, tem dias entediantes, sim — talvez a maioria deles. E está tudo bem! Aquele livro que parece chato pode trazer um aprendizado profundo, aquela rotina de trabalho pode gerar crescimento, e o silêncio pode ser um espaço valioso para a criatividade florescer.


Se aprendermos a suportar — ou melhor, a valorizar — os momentos de tédio, podemos perceber que a felicidade não está nas reviravoltas de uma vida agitada, mas na capacidade de viver bem, mesmo quando o cenário parece comum. Afinal, uma vida tranquila, com suas rotinas, pode ser tão significativa quanto qualquer festa agitada ou viagem paradisíaca. Como dizia Russell, a chave está em suportar o tédio e descobrir que, dentro dele, há espaço para uma felicidade mais sólida, realista e duradoura.


— Alessander Raker Stehling

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“Para levar uma vida feliz é imprescindível a capacidade de suportar algum tédio e é isto que deveria ser ensinado aos jovens.” - Frases Bertrand Russell
“Para levar uma vida feliz é imprescindível a capacidade de suportar algum tédio e é isto que deveria ser ensinado aos jovens.” - Frases Bertrand Russell

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