“Carpe diem quam minimum credula postero.” esse é o último verso do famoso poema Carpe Diem de Horácio (65 a.C. — 8 a.C.), que diz: “colhe o dia, minimamente crédula no porvir.” Este poema foi dirigido a uma personagem feminina, Leucônoe. Nele, o poeta lhe aconselha a viver o dia, o presente, sem se preocupar tanto com o futuro.
Essa palavra, CARPE DIEM, é muito famosa, dita e tatuada por pessoas “conscientes”, que compreendem a importância de se viver o presente intensamente. Se você sair na rua perguntando para as pessoas sobre a importância de viver o presente, o agora, a vasta maioria dirá que isso é essencial. No entanto, uma minoria conseguirá fazer isso tão intensamente quanto desejam, e a explicação para isso é uma só, o trauma psicológico.
Pierre Janet, neurologista e psicólogo francês, descobriu que experiências emocionais intensas não assimiladas plenamente pela mente, como, por exemplo, um inesperado acidente violento de carro com mortes (ou não), poderá levar a pessoa a um trauma psicológico. Este trauma fará com que ela repita de forma automática certas ações, emoções e sensações ligadas ao evento passado, entretanto, essa pessoa não se lembrará do que ocorreu, pois uma característica do trauma é a amnésia.
Para deixar mais claro, vamos resgatar o exemplo citado acima: a pessoa sofre um acidente inesperado de carro e perde parentes amados. Ela, após esse trauma, poderá não se lembrar de várias partes do acidente e reencenar no dia a dia emoções ligadas ao evento, podendo ter, por exemplo, um repentino ataque de pânico, que foi a emoção violenta reprimida no momento do acidente. Essa emoção forte irá se repetir de tempos em tempos, porém a pessoa não entenderá o motivo de estar sentindo isso; obviamente, se resgatarmos suas memórias em uma psicoterapia, notaremos que essa emoção está ligada ao acidente de carro no passado.
Jean-Martin Charcot, Pierre Janet e Sigmund Freud, estudiosos da mente humana, chamavam os traumas psicológicos de “segredos patogênicos” ou “parasitas mentais”, porque por mais que o indivíduo deseje esquecer o que lhe acontecera, suas lembranças insistirão em aflorar na consciência, aprisionando-o num presente sempre renovado de horror existencial.
E é devido ao trauma que as pessoas não conseguirão aproveitar a vida e os momentos intensamente, pois estes (traumatizados) irão reviver — involuntariamente — no presente, emoções, sentimentos e comportamentos ligados ao acontecimento passado. Transformando, em muitos casos, um evento agradável em um inferno. Tudo isso sem um motivo racional aparente (amnésia dissociativa).
Enfim, o trauma é uma grande âncora, um atraso de vida, contudo não estamos sozinhos nessa luta, as psicoterapias estão aí para nos ajudarem a lidar com os episódios extremamente desagradáveis das nossas vidas.
E por falar em psicoterapia, a sua está em dia?
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Um forte abraço.
— Alessander Raker Stehling
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