Quem nunca ouviu a frase: “Você precisa acolher a sua criança interior ferida.” Ela é muito usada por psicoterapeutas de todas as espécies. Mas o que exatamente isso quer dizer?
Quando os terapeutas falam da “criança interior”, normalmente estão se referindo à parte psíquica correspondente à fase da infância. Fase essa que não se dissocia de nós adultos; de certa forma somos “eternas crianças”.
Toda criança tem inatamente características comuns: curiosidade e experimentação, criatividade, espontaneidade, diversão, alegria, abertura e admiração para com tudo. Essa “natureza” positiva é manifestada quando ela se sente segura.
Quando a criança é ferida emocionalmente — normalmente no próprio lar — por um ou mais eventos de grandes cargas emocionais (abandono, rejeição, humilhação, agressão extrema ou violência sexual) esta talvez ative inconscientemente bloqueios e defesas para evitar o sofrimento psíquico. Ao fazer isso, ela poderá abandonar a sua inocência natural e se ver obrigada inconscientemente a adotar uma postura de vigilância, pois sua integridade física se viu ameaçada.
Temos aí um grave problema: o desenvolvimento saudável desta criança ficará preso, ela não mais terá uma postura curiosa, criativa, aberta, alegre… mas, a partir disso, assumirá uma postura de medo e vigilância. E, além disso, todas essas fortes emoções negativas experimentadas, que não foram compreendidas pela criança, serão inevitavelmente reencenadas ou revividas durante toda a vida do agora adulto, até que ele trabalhe isso em uma terapia.
Sendo assim, quando pedimos para que um adulto acolha sua criança interior ferida, estamos solicitando que ele tenha coragem, resiliência, calma e compaixão, para recordar aqueles eventos dolorosos da infância, repeti-los mentalmente ou através da transferência com o terapeuta, e que passe a elaborá-los, ou seja, que de alguma forma aprenda a lidar com o que lhe ocorreu, de forma a encerrar os ciclos de repetições que tanto lhe prejudicam.
Assim ele estará figurativamente segurando a sua criança interior no colo, recuperando suas capacidades bloqueadas e superando o trauma infantil.
Isso é o que chamamos de “cura pelo amor”.
— Alessander Raker Stehling
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