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Foto do escritorAlessander Raker Stehling

A Necessidade de Resgatar a Essência da Educação: Um Manifesto pela Individualidade e Criatividade

Nos anos 80, fui educado em um modelo que hoje parece distante, quase utópico. Estudei em uma escola que seguia os princípios de Maria Montessori, onde a educação era mais do que memorizar fórmulas ou decorar datas; era um convite ao autoconhecimento e à liberdade criativa. Ali, cada criança era vista como um indivíduo único, com suas próprias potencialidades. Podíamos escolher livremente as cores e ferramentas para criar nossos “trabalhinhos”. Quando terminávamos, não havia competição, apenas reconhecimento pela nossa criatividade e singularidade. Cada “obra” refletia quem éramos, e por isso, todos recebiam elogios genuínos, não pela comparação com os demais, mas pelo que conseguiam expressar de si mesmos.


Ao olhar para o mundo de hoje, é impossível não sentir um certo desconforto. Vivemos em uma sociedade que parece ter abandonado os prazeres tranquilos da vida, aqueles momentos de pura criação sem a pressão de ser o melhor. Estamos imersos em um modelo que glorifica a competição, onde o valor de uma pessoa é muitas vezes medido pelo número de curtidas em uma postagem ou pelo sucesso financeiro que ela acumula. As redes sociais, que poderiam ser um espaço para compartilhar ideias e inspirações, se tornaram arenas de julgamento, onde a comparação constante corrói a autoestima e transforma a vida em uma corrida sem fim.



Esse modelo competitivo não apenas esvazia as relações humanas, mas também sufoca a verdadeira criatividade. Quando o objetivo é vencer a qualquer custo, esquecemos de desfrutar o processo, de valorizar as pequenas conquistas e de reconhecer o valor intrínseco de cada indivíduo. Perdemos a capacidade de nos alegrar com o sucesso dos outros e de nos contentar com o nosso próprio caminho.


A lição que levo dessa reflexão é simples: precisamos resgatar a essência da educação que valoriza o ser humano pelo que ele é, não pelo que ele pode conquistar. Devemos incentivar a singularidade, o respeito pelas diferenças e o prazer de criar sem a constante necessidade de competir. A vida não precisa ser uma batalha onde apenas o vencedor merece respeito. Ela pode ser uma jornada de descobertas, onde cada um de nós, com nossas próprias cores e ferramentas, encontra seu caminho e seu valor.


“As pessoas educam para a competição e esse é o princípio de qualquer guerra. Quando educarmos para cooperarmos e sermos solidários uns com os outros, nesse dia estaremos a educar para a paz.” Maria Montessori


— Alessander Raker Stehling

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Os prazeres tranquilos foram abandonados. [...]  O problema decorre da filosofia de vida que todos receberam, segundo a qual esta vida é uma luta, uma competição em que só o vencedor merece respeito.  - Frases Bertrand Russell
Os prazeres tranquilos foram abandonados. [...] O problema decorre da filosofia de vida que todos receberam, segundo a qual esta vida é uma luta, uma competição em que só o vencedor merece respeito. - Frases Bertrand Russell

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