Meu pai, com mais de 70 anos, é um exemplo vivo de como a juventude vai muito além da aparência. Com frequência, vejo pessoas dando a ele 60 e poucos anos, 13 a 15 anos menos do que ele realmente tem. E não é por acaso. Uma das coisas que mais admiro nele — entre tantas, é claro — é sua vontade de viver, sua vitalidade contagiante.
Sr. Luiz, meu pai, vai à academia todos os dias. Toma sua creatina, suas vitaminas, e nenhum medicamento. Ele ama a natureza. Compra fubá e o espalha pelo quintal para os pardais e pombinhas que já o aguardam, como se soubessem que ali encontrarão seu sustento diário. Cultiva suas hortaliças com o mesmo carinho e atenção, capinando os matinhos que surgem em sua horta, como se cuidasse de um pequeno paraíso pessoal.
Ele é sempre positivo, fascinado pela vida. Tem uma namorada, gosta de uma boa prosa e nunca dispensa uma cervejinha, sem se preocupar com a marca. Sua simplicidade é inegável — para ele, tudo está bom. Sua pele, apesar de bem cuidada, exibe as marcas do tempo, mas por dentro, sinto que ele é um jovem, cheio de vida, reverência e amor pela existência.
Entretanto, ao observar outras pessoas, percebo que muitos, mesmo jovens, parecem mortos em vida. Vão se arrastando pelos dias sem entusiasmo, sem brilho no olhar. Suas rotinas se tornaram prisões, onde o simples prazer de estar vivo foi sufocado por uma apatia paralisante. Não se interessam por nada, vivem no piloto automático, como se a vida tivesse perdido o sabor. São os que reclamam constantemente, que veem sempre o lado negativo das coisas, que se entregam à monotonia e à desesperança.
A lição que aprendi com o Sr. Luiz é incontestável: não é a idade que define a juventude, mas o entusiasmo com que se vive. A verdadeira juventude está na alma, no desejo de descobrir, de se maravilhar com o mundo ao nosso redor. É a capacidade de encontrar alegria nas pequenas coisas, como o canto dos pássaros ou o sabor de uma cerveja gelada numa tarde de verão. É a disposição de cuidar daquilo que amamos, seja uma horta, uma conversa ou um relacionamento.
Meu pai me ensinou que os anos podem enrugar a pele, mas renunciar ao entusiasmo é o que realmente enruga a alma. E, enquanto sua alma permanecer jovem, ele continuará vivendo com intensidade e simplicidade, provando que a vida vale a pena, desde que se tenha coragem para vivê-la plenamente, em toda a sua complexidade e profundidade.
— Alessander Raker Stehling
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